quarta-feira, 18 de abril de 2012

UMA DEMOCRACIA JOVEM

Ser jovem é um grande desafio em qualquer lugar do mundo e, principalmente em países cujas Instituições Democráticas ainda estão consolidando-se. As liberdades coletivas e os Direitos Humanos são conquistas relativamente novas para o cidadão brasileiro. 

O nosso país caminha vertiginosamente na direção de ser uma grande Nação Democrática do mundo e os jovens por sua vez não estão fora deste dinamismo. Alguns dos desafios que o país precisa superar são as desigualdades regionais, a má distribuição de renda e a baixa qualidade da educação que, paralisam o gigante diante das perspectivas oferecidas pelo mundo. 

Observamos que dentro do Brasil existem vários brasis e cada um desses possui as suas peculiaridades e dinamismo próprio que são reflexos das características sociais, econômicas e antropológica de cada região. Estudiosos costumam dizer que em uma análise feita a partir do mapa estatístico sobre a distribuição da pobreza pelos municípios brasileiros, observa-se dois grandes brasis divididos pela linha imaginária que corta o Brasil horizontalmente denotando que há duas realidades distintas de Belo Horizonte - MG para cima municípios pobres e extremamente pobres, e de BH para baixo municípios com uma condição de vida melhor.

O grande desafio é ter instituições que funcionem em todo o Território Nacional e que sofram minimamente o impacto de pessoas mau intencionadas que por acaso entram no sistema eleitoral representativo.

Atualmente segundo o Censo Demográfico do país os jovens são a maioria dos brasileiros e o grande desafio é construir políticas públicas que contemplem universalmente a juventude, respeitando a singularidade do seu posicionamento perante a vida, que é comum a todos os seres humanos nesta fase. 

A Organização das Nações Unidas já reconheceu a autonomia dos jovens no sentido de entender que a estes deve ser permitida a participação na tomada de decisões em relação às políticas que os atingem, no entanto o grande desafio do Século XXI é fazer com que estes Direitos Humanos sejam respeitados nas Nações que compõem a ONU, a mobilização juvenil brasileira ainda está muito restrita às capitais e grandes centros e, mesmo assim, estas ainda não atingiram a consistência necessária no sentido de vermos o seu impacto na sociedade brasileira de maneira notória.

Mas, em pequenos municípios do interior do Nordeste brasileiro essa realidade é ainda mais difícil para o jovem, pois o conjunto de precariedade aliada a traços sociais alienantes limitam os jovens a mera massa de manobra. Os jovens que necessitariam de conhecimento e segurança, pois é nesse período da vida que o indivíduo consolida a personalidade, inicia-se a vida profissional, projeta-se e/ou inicia a vida conjugal e conquista a experiência necessária para ter segurança pessoal e perspectiva de vida. 

A juventude faz parte de 42% da população do município de Cândido Sales-Ba e a julgarmos pelo panorama político, econômico e social do mesmo, perceberemos que políticas públicas que atingem minorias como os jovens, por exemplo, não existem, salve as que estão inseridas nos Programas do SUAS, que, pela a ausência de contextualização com a realidade municipal e o fisiologismo funcional, também não refletem na qualidade de vida destas pessoas.

É necessário atentarmos que os Direitos dados aos jovens é apenas ênfase nos direitos que já lhes são pertinente pelo fato de serem pessoas humanas. O jovem tem o direito de ter uma vida digna e se termos como parâmetro o fato destes estarem sendo executados em praças e vias públicas de Cândido Sales, não havendo por parte das autoridades a preocupação em esclarecer o fato como se estes pessoas assim não fossem.

Direitos básicos como saúde, acesso à educação, ao trabalho, à cultura e à plena participação política, sendo este último negligenciado ao jovem em todas as fases da sua juventude. 

A ausência de capacidade dos políticos locais de apontarem caminhos para além dos interesses pessoais e de pequenos grupos que os cercam, condena milhares de pessoas a não participação efetiva e cidadã nos debates e decisões que interferem na vida do município e, principalmente das pessoas jovens, pois à medida que a fragilidade social aumenta, os grupos mais vulneráveis são os que mais sofrem o impacto de ações desorientadas e desconectadas com realidade prática do lugar. 

Os recursos do nosso município, que se limitam às Transferências Constitucionais, são administrados sem obedecer a critérios racionais e transparentes, não refletindo positivamente na melhoria de indicadores sociais e econômicos da cidade.

Os recursos são utilizados de maneira errada de modo a não sobrar para investimento, ou seja, elementos de infra-estrutura que são pré-requisitos para a criação de uma estrutura produtiva e industrial que gere posteriormente emprego e renda, e até mesmo elementos essenciais como o Esgotamento Sanitário que apesar das facilidades proporcionadas pelo Governo Federal, não nos sobra dinheiro ao menos para pagar a elaboração de um projeto em uma Empresa de Engenharia.

Nada disso é possível, pois a política desenvolvida é a do empreguismo cujo foco é garantir o maior número de votos para eleições posteriores a partir dos funcionários que têm sob controle na prefeitura. Se este exército de pessoas que hoje estão agregadas à Prefeitura Municipal de Cândido Sales estivessem realmente fazendo um trabalho que melhorasse a vida das pessoas da cidade, não haveria tantas dificuldades na cidade.  


Enquanto esse sistema de fazer política em Cândido Sales continuar a vigorar, teremos que nos conformar com a ausência de perspectiva de vida para os jovens e todo cidadão candidosalense. Assim, a autonomia mais perfeita não é aquela obtida na auto-suficiência, mas aquela promovida pela inclusão de um ser emancipado (GUSTIN, 1999, p. 220). Nem todos dispõem de ímpeto para luta, os jovens necessitam de espaço e oportunidade.