quinta-feira, 13 de setembro de 2012

DEMOCRACIA BRASILEIRA: DESAFIOS PARA A CONSOLIDAÇÃO

A democracia e política brasileiras terão que evoluir bastante e rápido para corresponder aos anseios de uma nação que pretende, ainda neste século, compor o grupo das principais nações democráticas do globo. Para fazer parte deste seleto grupo de nações não basta apenas ser uma potência econômica, é necessário ser também, um ambiente de justiça, paz e igualdade, de modo que temos muito que fazer. Se partirmos, por exemplo, do aspecto em que o nosso país é apontado pela ONU como a 4ª nação mais desigual da América Latina, sendo este resultado considerado um avanço, pois ocupávamos até pouco tem o 2º lugar neste mesmo ranking. Para sermos uma nação menos desigual será fundamental consolidarmos a nossa Constituição, banalizar o conhecimento da Lei, termos oportunidade e simultaneamente gerar oportunidades para os que nos cerca, somente assim avançaremos rumo a um país democrático.     

DESIGUALDADE REGIONAL

O Brasil possui um importante patrimônio que em muitas circunstâncias se torna elemento oneroso nessa busca pela consolidação da sociedade democrática. A desigualdade e diversidade deste país às vezes (quase sempre) dificultam a consolidação de políticas públicas de Estado que seriam fundamentais para termos um crescimento homogêneo. Segundo alguns pesquisadores em estudos recentes, não há só um Brasil, existem vários Brasis. Se imaginarmos uma linha que corte o país horizontalmente, justamente na capital mineira Belo Horizonte, perceberemos que de BH para cima é o padrão Norte/Nordeste e de BH para baixo segue o padrão Sul/Sudeste. Como assim padrão? Que dizer que os indicadores como IDH, Escolaridade, GINE, economia, saúde e outros das cidades brasileiras que possuem os seus territórios municipais de Belo Horizonte para baixo são superiores e mais favoráveis que os municípios ao Norte desta capital.      

NORDESTE BRASILEIRO

A região Nordeste do Brasil mesmo sendo a porta de entrada dos nossos “descobridores” foi a mais prejudicada ao longo da formação econômica e social do país. No tempo em que o Nordeste era o expoente econômico brasileiro por meio da cana-de-açúcar, a base de sustentação era a mão-de-obra escrava que perdurou no país até o final do século XIX. Quando a cana-de-açúcar deixou de ser o carro chefe da economia brasileira, automaticamente o nordeste perdeu o espaço de protagonismo, deixando como herança maldita o coronelismo. O semiárido é um elemento a mais na luta pela sobrevivência na região nordeste, a base da sociedade é remanescente de um sistema senhorial que embora as estruturas sociais e legais tenham sofrido uma importante transformação, assegurando Direitos Humanos e liberdade democrática, muitos de nós apegamos às superestruturas impostas pelo determinismo, falta de compromisso político para o desenvolvimento social da região, economia incipiente e empreguismo nos serviços públicos. Essas amarras dificultam os brasileiros do nordeste de atingir a liberdade democrática de que precisa.

POLÍTICA NOS GROTÕES

Para se ter uma idéia do desafio do país para consolidar a democracia em todo território nacional, basta observamos o caso de nossa cidade Cândido Sales, testemunhamos diariamente os efeitos do coronelismo e da pouca percepção à cerca dos direitos e garantias individuais que nos sugere a Constituição Federal. Às vezes aceitamos a idéia que nos querem incutir, de que não temos direito, e que devemos ficar submetido a sistemas políticos personalistas, no momento que aceitamos esta condição, perdendo a crença nas instituições e em nós mesmos, entregamos de bandeja o nosso futuro nas mãos de pessoas que não possuem condições para gerir os recursos do povo. A não aceitação deste modelo inviável deve partir inicialmente das pessoas esclarecidas que não possuem razão em matéria de esclarecimento para estarem submetidos às regras dos desinformados. Um município onde não há administração profissional dos recursos públicos, não se aplica com base nos indicadores e a prática do empreguismo é comum, naturalmente não conseguirá corresponder aos anseios e demandas que a sociedade vai apresentando ao longo da sua existência. Nesta fase atual do nosso município, em pleno século XXI, o controle social não ocorre no território municipal da maneira que deveria, a apatia dos Conselhos Municipais reflete a pouca percepção da coletividade quanto a viver em uma civilização democrática. Outros fatores como o fato da cidade possuir 73% da sua população abaixo da linha de pobreza, o desemprego ser muito acima dos 50%, alto endividamento e ausência de infraestrutura é o cenário perfeito para as pessoas mal intencionadas exercerem poder e dominação sobre os mais fracos, através da satisfação de necessidades básicas e essenciais.