sábado, 30 de setembro de 2017

BOLETIM SOBRE O RIO PARDO: Seminário em Cândido Sales – BA.

Sexta-feira dia 22 de setembro a articulação em defesa do Rio Pardo deu importante passo na discussão sobre a elaboração do comitê de bacia, instrumento para a gestão dos recursos hídricos e implementação das políticas públicas no setor. Dessa vez o encontro ocorreu em Cândido Sales e foi promovido pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais – STR, entidade local que faz parte da articulação Bahia-Minas em defesa do rio.

O seminário teve caráter informativo e serviu para que a comunidade e os atores do desenvolvimento local se inteirassem mais acerca da discussão sobre o Rio Pardo. Foram apresentados os elementos que constituem uma bacia hidrográfica e refletiu-se sobre a relação do homem com as bacias hidrográficas ao longo da história humana.

Ficou claro que o rio é um organismo vivo e complexo e que, não está limitado apenas a um território municipal, devendo a solução para a proteção ser construída de maneira coletiva e articulada entre os municípios por onde passa o Rio Pardo. Discutiu-se sobre o papel da sociedade civil no contexto da articulação Bahia-Minas e foi apresentando resumo sobre as ações dos municípios que compõem a microbacia da região.

Rio federal com extensão de 565 km da nascente à foz, para melhor compreensão, o Rio Pardo é dividido em três macrorregiões: alto, médio e baixo Rio Pardo, sendo que o Alto fica no território mineiro e o Médio e Baixo na Bahia. São 345 km de leito do Rio Pardo que passam pelo território baiano, banhando 18 municípios. Para possibilitar o diálogo entre as várias cidades, a articulação utiliza a metodologia das microbacias, que consiste no estabelecimento de um plano de ação em comum para municípios de uma determinada região da bacia hidrográfica do Rio Pardo.

Cândido Sales, por exemplo, está situado no médio Rio Pardo e forma uma microbacia juntamente com os municípios de Encruzilhada, Ribeirão do Largo e Itambé. O encontro daquela sexta-feira contou com a presença de representantes da maioria dos municípios da microbacia. O seminário promovido pelo STR contou com a participação da sociedade civil, do poder público, ONG’s, Sindicatos, Mandatos Parlamentares e lideranças políticas locais.

O papel das microbacias é combater de maneira programática os fatores identificados como ameaças aos recursos hídricos como: desmatamento, assoreamento, esgoto sem tratar, barramentos ilegais e, consequentemente, o estresse hídrico, que é provocado pelo alto consumo versos a baixa vazão do rio. Durante o seminário foram apresentadas as possíveis causas da crise hídrica vivenciada pelo Rio Pardo.

Também se discutiu sobre o consumo diário dos seres humanos, animais e espécies vegetais na extensão da bacia hidrográfica do Rio Pardo, Cândido Sales, por exemplo, retira por dia 2.934.140 litros d’água do rio para consumo humano, isso em valores estimados com base em indicador definido pela Organização das Nações Unidas – ONU. Na perspectiva do cunsumo animal, um boi, por exemplo, consome 50 litros/dia, a cada 100 cabeças retira-se 5.000 litros de água do Rio Pardo e seus afluentes diariamente.

No caso das espécies vegetais, o café, por exemplo, consome em média 3 litros de água por dia, podendo consumir mais em períodos secos, pois bem, isso implica dizer que uma roça com dois milhões de pés de café, retira 6.000.000 de litros d’água todos os dias. O consumo diário de uma árvore adulta de eucalipto é ainda maior: 200 litros por dia, ou seja, 100 mil árvores adultas retiram do rio 20.000.000 de Litros d’água a cada dia.

A região do Médio Rio Pardo, mais precisamente, nos Territórios Municipais de: Cândido Sales, Encruzilhada e Itambé, o estresse hídrico provocado por esse conjunto de fatores que age sobre a bacia, já levou à interrupção do fornecimento de água para abastecimento humano pela empresa distribuidora. Recentemente, chegou ao conhecimento da articulação Minas e Bahia em defesa do Rio Pardo a denuncia de que irrigantes acima da barragem estão interrompendo o curso do rio com contenções que, embora possuam outorgas, funcionam de maneira irregular, não havendo transparência quanto à fiscalização que deveria ser feita pela Agência Nacional de Águas – ANA.
                     
Defender a água como Direito Humano é função da sociedade civil, que precisa estar atenta acerca do papel que deve exercer neste contexto. Essa causa é de todos que, conscientemente, podem participar e contribuir com o debate sobre o futuro do Rio Pardo e seus afluentes. É necessário que se administre o conflito de interesses para que este não interrompa as ações racionais que podem ser desenvolvidas.

Todos podem participar da articulação em defesa do Rio Pardo, se envolva no debate, se informe se a sua cidade tem representantes nessa articulação entre os municípios de Minas Gerais e Bahia. Se informe e participe! [RIO PARDO:COMO PROTEGER A BACIA HIDROGRÁFICA?]