segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

CÂNDIDO SALES E O GOVERNO PARA POUCOS

A forma como surgem os governos descomprometidos com a maioria é sempre a mesma: estelionato eleitoral, desalinhamento com as lideranças do próprio grupo político e a não utilização de instrumentos de gestão na condução dos recursos públicos.

O governo para poucos não se sente responsável por assegurar o funcionamento correto da coisa pública com a eficiência correspondente aos recursos disponíveis.

Há 715 dias à frente do Poder Executivo Municipal, o governo Lora Pontes atende apenas ao interesse de uma dezena de pessoas, que arrebanha outras dezenas, excluindo muito mais da metade da população candidosalense devido ao exercício de uma política parasitária que garante governabilidade aniquilando as possibilidades da máquina pública.

PLANOS, PROJETOS E PRAZOS

Governos com essa característica são extremamente nocivos ao interesse da maioria da população, pois a falta de compromisso com prazos e resultados impede o funcionamento de importantes áreas da administração pública como saúde e educação. Essa modalidade de governo cujo principal objetivo é assegurar o interesse de algumas pessoas privilegiadas é ainda mais danosa nos municípios socialmente vulneráveis.

Obras paradas, salário de servidor com acúmulo de atraso e comunicação truncada, também são elementos evidentes nos governos que decidem sobre a coisa pública fora do marco legal e sem considerar o voto da maioria que os elegeram.

Sacrificam políticas e programas públicos e dificultam o controle social para aparelhar as instituições de acordo aos interesses pontuais e eleitoreiros. Sem se importarem com as consequências. Não alimentam adequadamente os sistemas de informações públicas, dificultando a gestão e desestimulando a participação da população.

As secretarias municipais devem atender ao interesse de todas as pessoas e executar as políticas públicas de cada pasta com base no planejamento e legislação própria. No governo de Lora Pontes, assim como em outros, que funcionam sem levar em conta o conjunto da população, as secretarias do governo municipal são apenas peças no jogo político local, a maioria delas conduzida por pessoas sem o devido preparo.

Mesmo acumulando 06 anos de atraso na entrega de obras, as empreiteiras tiveram contratos renovados pela prefeita de Cândido Sales, sem que antes houvesse qualquer processo de auditoria para compreender a razão de obras que seriam realizadas em 90 dias, acumularem tanto tempo sem serem entregues à população. Enquanto isso, creches, posto de saúde, centro de cultura, pavimentações e outras obras ainda não chegaram ao povo.

A desorganização dos governos que não atendem a propósitos transparentes e que funcionam para poucos impede que, mesmo com a previsão de recursos, consigam entregar as obras financiadas por emendas e convênios. O dinheiro fica retido nas instituições financeiras porque o governo municipal não avança na execução da obra.

LEGISLATIVO MUNICIPAL

Outro aspecto de governos que não estão comprometidos com o bem-estar coletivo é a total subjugação da Câmara de Vereadores que diz amém à maioria das propostas do executivo e dificultam a participação no processo de construção democrática dos dispositivos legais do município. Em Cândido Sales, por exemplo, movimento da juventude tentou, inutilmente, aprovar o Conselho Municipal da Juventude na sessão da Câmara de 18 de Maio de 2018.

Para facilitar a condução de parentes aos cargos da prefeitura a base do governo Lora Pontes, revogou na câmara a Lei Municipal que tratava do nepotismo em 03 de Março de 2018. O irmão da prefeita, que apresentou a referida Lei quando esteve à frente da prefeitura, agora na condição de secretário, trabalhou incansavelmente para derrubar a legislação municipal.

Mais recentemente a prefeita de Cândido Sales e Eduardo Pontes, seu irmão, asseguraram o mandato do vereador da base, réu confesso do desvio de 51 mil reais em conta clandestina da Câmara Municipal, nem mesmo a suplente do vereador, atual secretária do município e aliada de Lora Pontes compareceu à votação que poderia ter-lhe assegurado o mandato público.    

PRIORIDADE DE GOVERNO

Quando desafiados a defender o interesse da população no médio e longo prazo os governos antidemocráticos nunca ficam ao lado do povo e preferem apoiar o interesse privado. Em se tratando dos recursos hídricos do município de Cândido Sales, ameaçados pelo descontrole ambiental e a utilização na irrigação de monoculturas, a prefeita Lora Pontes, preferiu fazer reunião às portas fechadas com empresários irrigantes em 23 de Agosto de 2018 a conversar abertamente com a população sobre a situação do Rio Pardo.

Recentemente, a gestão de Lora Pontes foi denunciada na Câmara Municipal por emprestar equipamentos do município a fazendeiros ricos da cidade vizinha, enquanto as estradas vicinais de Cândido Sales sofrem com a deterioração e a falta de manutenção. Pequenos produtores reclamam pela dificuldade de acessar a terra e escoar a produção.

PARTICIPAÇÃO POPULAR  

A participação da população na construção e fiscalização das políticas públicas é dificultada nos governos constituídos para viabilizar o interesse de algumas pessoas e grupos. Dificultam o acesso à informação pública e não dão visibilidade suficiente aos atos e fatos do governo nas diversas áreas. Nas conferências que são realizadas de maneira reservada e fisiológica, a mobilização da comunidade quase não existe e o convite é feito em cima da hora.

Embora aconteçam conferências periódicas e reuniões mensais dos diversos conselhos ao longo do ano, a fiscalização efetiva dos documentos públicos não acontece no governo de Lora Pontes. Planos não são elaborados no tempo certo e as avaliações que deveriam auferir os resultados através de objetivos e indicadores, previamente definidos, sequer são percebidas pelos conselheiros.

Devido à fraca participação da comunidade uma mesma pessoa compõe mais de um conselho de política pública no município de Cândido Sales, o que potencializa o conflito de interesses e facilita a intervenção dos que se sentem donos do recurso da população. Outros conselheiros, mesmo prestando serviços ao poder público ocupam as vagas da sociedade civil.

Essa característica associada à falta de infraestrutura e capacitação dos conselheiros, favorece ao exercício ilegal da contabilidade criativa para “ajustar” as contas do município de modo a serem aprovadas pelos órgãos de fiscalização. Ou seja, o controle social fraco facilita o desvio dos recursos da população através da própria burocracia estatal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As consequências de um governo constituído para poucos é que são tristes e alarmantes, pois serviços públicos essenciais não chegam adequadamente à população, faltam remédios nos postos de saúde, médicos não cumprem a carga horária, pessoas perdem a vida por falta de atendimento adequado e promoção da saúde.

Escolas funcionam sem Projeto Político Pedagógico – PPP e, geralmente, a unidade escolar reproduz o modelo de governança exclusivista e antidemocrática praticada pelo governo do município que, muitas vezes, ignora o dever de trabalhar por toda a população, e atende somente aos seus apadrinhados e aliados políticos.

Neste contexto, famílias são abaladas devido ao despreparo e a falta de compromisso do governo municipal que deveria assegurar direitos às pessoas nas mais diversas áreas. O resultado é a falta de perspectiva dos cidadãos que estão distantes da minoria de privilegiados que constituem o governo de poucos para poucos, excluídos das possibilidades do Estado de direito muitos são submetidos a situações de violência e criminalidade.