quinta-feira, 8 de junho de 2017

O BRASIL E A POLÍTICA DO AQUÁRIO

A imaturidade da Nova República faz predominar, por hora, a idéia de uma política sem povo, em que se atribui todas as responsabilidades aos figurões da política nacional, ao passo que não se cumpre o papel estabelecido para a sociedade pela própria Constituição.

Na política do aquário não se discute projeto de país nem perspectivas para o futuro, o fisiologismo funciona a favor dos tradicionais donos do poder. E a principal causa disso é o distanciamento da população das questões atinentes ao Estado de direito.

A plástica e a superficialidade sedimentadas pelos meios de comunicação oligopolistas tornam o brasileiro comum, um indivíduo oco, apto ao modismo, mas que não se aprofunda a respeito de nada por achar enfadonho a realização de leitura e aprendizagem, negando, neste momento, os fundamentos do próprio Estado de direito, afinal, de que valerá termos legislação de primeiro mundo e não compreendê-la e absorver-la em nossa cultura?   

Essa linha imaginária que distancia o povo do público impede o aperfeiçoamento de programas que são financiados com recursos da própria população, ou seja, expressões que demonizam a política através de um discurso generalizado, de maneira alguma, contribuem para o fortalecimento da democracia no país.

Quanto mais o povo se distanciar da participação no Estado de direito, mais irá prevalecer o interesse das corporações ao invés do cidadão brasileiro, se o indivíduo abrir mão de eleger o representante o sistema se encarrega de preencher as vagas para que a engrenagem que funciona mais a favor do mercado que do próprio povo, vá à diante. 
  
As pessoas vivem mergulhadas na corrupção, são omissos na fiscalização dos recursos das cidades onde vivem, e elege o “jeitinho” como mania nacional e depois esperam ter criaturas cândidas à frente das instituições públicas, verdadeiro contra-senso, o que demonstra o distanciamento entre a indignação e a realidade prática.

A política do aquário torna-se ainda mais perigosa ao ser, sabidamente, manipulada para atingir propósitos escusos, onde num país de pouca leitura as produtoras de vídeo e TV que não estão comprometidos com Direitos Humanos encontram um campo fértil para a difusão daquilo que for conveniente ao mercado financeiro e ao modismo da vez.

Os apresentadores de TV obedecem a editoriais tendenciosos e, mesmo assim, tem a ousadia de criticar as obviedades da política nacional com o ar de deboche, típico daqueles que se sentem fora do contexto, demonstrando que, na cabeça de alguns, o nosso projeto democrático, é mais uma peça maleável e irrelevante a serviço do mercado financeiro, que algo que possa ser levado a sério. Esta característica reverbera nas instituições da República como o ocorrido, por exemplo, quando o presidente do TSE, durante importante julgamento, alertou ao seu colega de toga que estivesse atento, pois estavam sob os holofotes da GloboNews, espécie de papagaio de pirata da principal empresa do oligopólio midiático brasileiro.

Entender a política como algo a parte da sociedade é, sobretudo, falta de conhecimento, característico do nível civilizatório em que nos encontramos. Essa percepção é duplamente danosa, pois isenta o cidadão de participar e coloca as instituições públicas a serviço de interesses outros que não são os do conjunto da população. Quando não exercem o controle social, por exemplo, as pessoas assinam um cheque em branco para aqueles que eles dizem não confiar. Esse conjunto de incoerência é que nos leva a crer que a política institucional no Brasil ainda é peça decorativa de uma nação que espera receber tudo pronto.

É justamente essa nossa falta de protagonismo nas conquistas coletivas que nos torna reféns dos que deveriam nos garantir direitos, mas que preferem tirar proveito das fraquezas. Alguns cidadãos, políticos e eleitores, são tão egoístas que sacrificam qualquer projeto de bem comum, sem nenhum pudor, simplesmente, confiando na vulnerabilidade dos eleitores, que esperam a receita de país nos telejornais de grande audiência.

Somente transpondo essa apatia absurda que existe entre o cidadão e a república que teremos condições de avançar como nação democrática. A mediocridade tornou-se protagonista no Brasil, porque nós a alimentamos muito bem ao longo de séculos, o que possibilitou a ascensão de gangsteres e lobistas dentro das instituições públicas do país, todos estes aceitos, desde quando favoreçam as reformas neoliberais.

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