domingo, 8 de outubro de 2017

POLÍTICA SEM PROPÓSITO: Empreguismo estéril

O exercício da política meramente para satisfação do interesse próprio é um indicador da fragilidade do projeto democrático brasileiro, que após 30 anos de redemocratização, ainda permite que o conflito de interesses e o corporativismo interfiram nos Objetivos da Constituição de 1988.
Essa modalidade da política em que os indivíduos se apropriam da coisa pública sem o compromisso com a coletividade e sem projeto, baseando-se apenas na conveniência de um percentual de pessoas que não representa o conjunto da sociedade, é um crime lesa-pátria, principalmente, nos municípios pobres do Brasil, onde os contribuintes necessitam efetivamente da aplicação correta dos impostos.

Quando a máquina pública é conduzida pelo fisiologismo, as garantias do pleno Estado de direito são ameaçadas, a gestão pública no contexto da política sem propósitos republicanos, não funciona no sentido de perseguir os objetivos constitucionais, por exemplo, uma administração pública que não se vale de planejamento construído com a sociedade para a aplicação correta dos recursos, certamente, não terá como prestar contas verdadeiramente e impedirá o controle social.

A política sem propósito anula o potencial das cidades onde ela é aplicada e prejudica as pessoas do lugar. O foco no empreguismo e o hábito de fatiar o patrimônio público com cabos eleitorais, também sem propósitos, além do de se dar bem com os recursos da população, são características dessa política estéril e gananciosa praticada por meia dúzia em detrimento da população.

Nepotismo, tráfico de influência, enriquecimento ilícito, assistencialismo, vantagens indevidas e clientelismo, são práticas que resumem a ação política de alguns indivíduos em nosso país. Todas essas características passam despercebidas pelos eleitores num sistema em que a corrupção se confunde com a prática cotidiana da sociedade.

Após o devido processo legal políticos são condenados por diversos crimes com base em provas que saltam aos olhos e revelações estarrecedoras, mesmo assim, pela falta de participação da população no exercício do direito político, os comprovadamente corruptos continuam figurando como protagonistas, chancelando a nossa fraca percepção sobre democracia.

Um governo que não se guia por um plano claro e bem definido acerca do que pretende desenvolver em um mandato, certamente, não fará uso eficiente da máquina pública, consequentemente, não apresentará resultados consistentes à população e, para vencer as eleições se valerá da contratação excessiva de pessoal, por exemplo. Esse empreguismo estéril impede o desenvolvimento da infraestrutura do lugar.

Em contextos onde o exercício da política sem propósitos é generalizado, governo e oposição disputam o domínio da coisa pública sem apresentarem propostas plausíveis para a sociedade, baseando-se apenas nas eventuais alianças que são consagradas com base na divisão do patrimônio público entre as lideranças e cabos eleitorais que venham compor um governo eventual, sem discutirem acerca das questões econômicas e sociais do lugar.

A política sem propósitos gera governos natimortos que nunca alcançarão a eficiência necessária devido ao conflito de interesse entre os que se articularam para ganhar as eleições. Esse conflito se dá pela ganância dos envolvidos: lideranças, cabos eleitorais e eleitores que, influenciados pelo o mau exemplo dos líderes, encaram a coisa pública como algo que deve ser saqueado enquanto os fiscais do governo não aparecem, atribuindo a falta de resultados para a população à burocracia e as leis do país.

Essa realidade reproduzida ano após ano pelos maus políticos é que mantém a falta de perspectiva de algumas cidades brasileiras, cuja compreensão acerca dos próprios direitos ainda não alcançou a plenitude da população que dança de acordo a música tocada pelos atravessadores de direitos, incompetentes que ousam se colocarem à frente do interesse de milhares de pessoas.

A manutenção deste tipo de política, não permite que os municípios pobres tenham esperança de progresso em seus territórios e o perfil socioeconômico desses lugares permanece estático.

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