segunda-feira, 9 de novembro de 2015

CONFLITO DE INTERESSE NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Por ainda sermos uma democracia de “médio impacto” as pessoas têm dificuldade de distinguir o público do privado na administração pública, principalmente, nas cidades do Brasil onde a prefeitura é a principal fonte de recursos financeiros.

O conflito de interesses é consequência da não compreensão da sociedade sobre os preâmbulos do Estado de direito, mas também é fortemente estimulado por pessoas que ao entrarem na vida pública, através do voto da população, deslumbram com as possibilidades do poder público e não cumprem as regras necessárias para se viver em comunidade.

Os maus políticos contribuem fortemente com o desalinhamento entre o interesse público e privado na cidade, apropriam-se das instituições e recursos da população, cooptando-os ao interesse particular de uma minoria abastada. Ao comportarem dessa maneira, impunemente, os políticos do lugar transmitem a mensagem de que coisa pública é de quem chegar primeiro, e que ao invés de servir para o bem-estar coletivo, o recurso é prêmio de loteria para uma meia dúzia de espertalhões famintos.

Essa confusão entre o público e o privado, que é difundida de maneira proposital por pessoas de má-fé na política é o que dificulta o funcionamento adequado das instituições locais, um exemplo é o que ocorre quando o mau político atravessa o direito do cidadão e entrega o serviço pago por impostos como se fosse um presente pessoal ao eleitor. 

A burocracia estatal é manancial de conquistas ilícitas e patrimônio pessoal para pessoas de má-fé nos lugares onde a população não conhece e não participa do Estado de direito. É através de instrumentos de licitação forjados à revelia da Lei, por exemplo, que muitos fazem o seu pé de meia em municípios pobres do Brasil.

A manipulação feita nos documentos da população para assegurar antes o interesse privado que o público ocorre naturalmente nos municípios brasileiros, embora seja um crime lesa-pátria. Por não possuir um controle social robusto e um legislativo atuante e honesto, certas cidades brasileiras estão sendo utilizadas para sustentar elites erguidas com a ilegalidade.  

Primeiro os maus políticos se capitalizam através dos recursos da população, depois, eles utilizam parte desse capital para tentarem se perpetuar no poder público através de práticas assistencialistas e de favores que confundem a mente das pessoas mais carentes.

A desarmonia entre os interesses público e privado impedem o desenvolvimento do lugar, principalmente, quando constata o privilégio de alguns em detrimento de outros no usufruto dos recursos do Estado. Essa prática desestimula a honestidade da população e transmite a mensagem de que vale tudo para ter as coisas, no campo empresarial impede o desenvolvimento de competências e patrocina a concorrência desleal.

Nos lugares onde o interesse público é relegado ao segundo plano, obras públicas não são entregues à população e convênios são desperdiçados. Os contratos que deveriam atender ao interesse coletivo são utilizados para a efetivação de acertos de contas intermináveis entre políticos corruptos e financiadores oportunistas.

Em muitas situações o erro começa no processo de licitação que privilegia a empresa escolhida com base nos interesses escusos das “lideranças”, na verdade, criam a empresa entorno da oportunidade contratual gerada pelo poder público e assegura a esta o pleito licitatório, resultado, a empresa não é capaz de cumprir o contrato.

A predominância do interesse privado e pessoal é tão explicito em alguns contratos públicos, principalmente, na área de construção, que após não cumprir o contrato no tempo previsto por incapacidade técnica, econômica e financeira, as empresas ainda têm o instrumento renovado pelo chefe da administração pública.


É necessário assegurar que os recursos da população sejam aplicados, exclusivamente, para o bem-estar e qualidade de vida da coletividade. Não podemos conviver com uma realidade onde os instrumentos legais e instituições públicas são conduzidos para atenderem interesses de apenas algumas famílias e indivíduos específicos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário