quarta-feira, 12 de outubro de 2016

DIREITO À SAÚDE SOB AMEAÇA NO BRASIL

Grande parte dos brasileiros não entende o MECANISMO LEGISLATIVO que nos garante o DIREITO à SAÚDE, por isso aceitam que barreiras legais sejam rompidas com a consequente perda de direitos assegurados na CONSTITUIÇÃO FEDERAL.

Somente quem não entende a complexidade e imprescindibilidade do Sistema Único de Saúde – SUS para a sociedade brasileira é que aceita que o financiamento de tal POLÍTICA PÚBLICA seja congelado por 20 anos. A questão é tão grave que, se não emendassem o texto original da constituição com aval dos 360, seria impossível realizar tal empreendimento.

Parte dos brasileiros nem mesmo é consciente de que utiliza o SUS a todo instante ao adquirir alimentos saudáveis em decorrência da vigilância sanitária, receber vacinas para os mais variados tipos de imunização, campanhas de prevenção a doenças e endemias, SAMU 192, Programa Saúde da Família, UBS, Agentes Comunitários e o programa Brasil Sorridente, além de exames, diagnóstico, medicação, internamento, cirurgias, transplantes entre outros aspectos relacionados à pesquisa e desenvolvimento de vacinas e fármacos.

Todos esses serviços sociais que às vezes imaginamos não relacionarem com a SAÚDE, na verdade, são financiados e mantidos com recursos deste setor, desse modo, ao CONGELAR o investimento por duas décadas, os políticos afetarão o planejamento de longo prazo deste setor público e impedirão que os ajustes propostos nos espaços de discussão e deliberação com a sociedade aconteçam como está previsto na Lei Federal 8.142/1990.

Os serviços públicos do Brasil, assim como os próprios brasileiros têm problemas sérios relacionados à corrupção e falta de planejamento, no caso do SUS, por exemplo, até o presente momento, quase nenhum município cumpre a legislação estruturante do sistema e os veículos de imprensa não abordam o aspecto da legislação que fala da participação da sociedade na construção da política pública de saúde do país, não procuram conhecer e se informarem como são constituídos os conselhos de políticas públicas e focam apenas no resultado do não funcionamento, ou seja, no reflexo da irregularidade.

Em 2015 foi realizado em todo Território Nacional conferências públicas com a população dos municípios e Estados, culminando com a XV Conferência Nacional de Saúde que ocorreu na capital federal entre 1 e 4 de dezembro. O tema da 15ª conferência nacional discutiu sobre saúde pública de qualidade, para cuidar bem das pessoas: direito do povo brasileiro e sintetizou as propostas e discussões realizadas ao longo daquele ano sobre o direito à saúde dos brasileiros.

No relatório final da CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE, ocorrida no ano passado, o subfinanciamento do setor e os problemas relacionados à gestão do Sistema Único de Saúde - SUS, além das irregularidades na relação entre o público e o privado na condução das políticas públicas de saúde no Brasil foram identificados como principais causas que dificultam o bom funcionamento dos serviços, logo, a garantia do direito à saúde.

O projeto de emenda à constituição de nº 241 proposto pelo governo não eleito, que tramita na Câmara dos Deputados, aprovada em primeira votação, ignora toda a legislação de saúde que vigora no Brasil desde a promulgação da Constituição em 1988. As Leis Federais que regulamentam o direito à saúde e orientam quanto à organização para efetivação do setor, não estão sendo levadas em consideração pelos parlamentares brasileiros que, em sua maioria, são insensíveis à realidade de desigualdade e injustiça existente na sociedade brasileira.

Um projeto de Lei que ameaça direitos constituídos não poderia ser levado à diante sem que haja uma ampla discussão com a sociedade brasileira através dos vários espaços protagonizados pela sociedade civil e nas comissões de cada casa legislativa. Tal ruptura na institucionalidade do país promovida ao bel prazer dos rentistas, onde princípios republicanos estão sendo atropelados pode causar grande instabilidade social e política no Brasil.

O governo precisa ouvir as diversas opiniões sobre a PEC 241, antes de levar à diante o seu desejo insidioso de satisfazer às expectativas do mercado internacional à custa da maioria dos brasileiros. As pessoas precisam decidir, democraticamente, se querem esperar 20 anos para terem direitos básicos assegurados. 

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