terça-feira, 11 de abril de 2017

CONSCIÊNCIA E QUALIDADE DA POLÍTICA BRASILEIRA

Quando o cidadão não dispõe de plena consciência acerca do papel que deve exercer no Estado de direito não participa com a intensidade necessária para uma melhor qualidade da política como direito de pessoas livres. Os maus representantes refletem apenas a falta de critério dos eleitores ao escolherem.



Diante de um ataque aos direitos dos cidadãos brasileiros, onde a maioria dos congressistas apóia medidas de austeridade radical que representam a desconstituição do Estado de direito do Brasil, se houvesse consciência política a população saberia se defender. Esses representantes fabricados por grupos corporativos se valem principalmente da ausência de consciência do conjunto da sociedade.

Esse fenômeno é danoso para a democracia e os que tiram proveito dessa fragilidade para imporem agendas em desacordo com os Objetivos da Constituição de 1988, devem ser julgados pelo crime de lesa pátria, pois estão colocando em risco o projeto de país estabelecido no principal texto da República.

É necessário combater as causas da má política que geram uma representatividade fraca e medíocre, e para isso é necessário que a sociedade brasileira se reencontre com valores fundamentais a uma nação como solidariedade, justiça e respeito ao próximo. Tais elementos basilares vêm sendo triturados pelos conceitos impostos pela cultura dominante.

O velho jargão de que o povo tem o governo que merece até o momento não falhou, e enquanto se tiver a democracia como modelo de governo essa máxima vai prevalecer, cabe ao povo mostrar que merece melhores governantes, e essa demonstração se dará quando os brasileiros tiverem consciência do poder transformador do voto.

A pouca consciência política da sociedade brasileira tem possibilitado o avanço de medidas que desconstituem direitos e que empurram o país para uma crise institucional sem precedentes, pois enquanto o gigante permanece deitado esperando que o homem de toga o salve, os fundamentos da Constituição que asseguram minimamente o estado de bem-estar estão sendo aviltados pelos que não querem compartilhar o Brasil.

Demonizar a política sem ao menos compreender o seu significado no Estado de direito é uma grande estupidez, um verdadeiro tiro no pé, pois ao fazer isso estamos lançando fora ferramenta imprescindível para o desenvolvimento humano em qualquer lugar do mundo. Os meios de comunicação que estimulam esse comportamento nos brasileiros, certamente, não estão comprometidos com a regra do jogo democrático.

A única maneira em que a repulsa à classe política faria sentido na democracia, seria quando o comportamento dos representantes se distinguisse ao dos representados, o que não é o caso do Brasil.

No Estado democrático de direito a população é que define quais as prioridades e quais indivíduos devem estar à frente da missão de concretizar os objetivos comuns da sociedade. Desse modo, não é possível o eleitor fugir da responsabilidade no que diz respeito à capacidade de servir dos seus políticos. É por eleger sem refletir que os brasileiros se tornam vítimas fáceis dos maus políticos.

A consciência política que o brasileiro deve possuir não está relacionada somente aos partidos políticos ou a ideologia A, B ou C, na verdade o brasileiro precisa conscientizar-se acerca do significado de ser igual em direitos e responsabilidade no Estado. Precisa compreender o texto constitucional da República e tê-lo como guia das suas ações no exercício da liberdade.

Enquanto terceirizar a sua responsabilidade diante do Estado de direito, ignorando a necessidade de participação direta, o cidadão brasileiro não avançará no que diz respeito à melhoria da qualidade dos políticos, pois isso impede a sintonia entre a ação do representante e a expectativa dos representados que acabam conformando com qualquer coisa.

A fragilidade da consciência política dos brasileiros é o que permite o funcionamento anormal das instituições do Estado como o desalinhamento entre os três poderes da República cuja harmonia é imprescindível para garantir que o texto constitucional seja executado.

O predomínio de pautas corporativistas e partidárias nas instituições do Estado ocorre porque a massa não é consciente do real papel de cada instituição e aceita qualquer tipo de resposta como a única resposta, possibilitando o protagonismo personalista em instituições que deveriam atuar com isenção e imparcialidade.

É a falta de compreensão acerca do processo de formação da sociedade brasileira que possibilita a viabilidade de projetos políticos nocivos ao conjunto da sociedade, onde a incorporação de modismo judicial, por exemplo, abre espaço para a insegurança jurídica a partir do momento que se aplica metodologias de outros países na realidade brasileira.

A qualidade atual da política brasileira é que a torna execrável e a responsabilidade é da sociedade que ainda não foi capaz de assumir o papel que deve exercer no Estado de direito, escolhendo e participando com consciência. Ao se eximir da responsabilidade o cidadão acaba contribuindo, inconscientemente, com os carrascos dos próprios direitos.

O juiz Sergio Moro afirma reiteradamente a importância da MÍDIA no papel de condenar políticos, o magistrado já chegou afirmar que o vazamento de informações sigilosas sobre investigados é importante, pois condena os políticos antes mesmo de serem julgados.

No entanto, a tese do juiz de Curitiba ignora a característica estrutural do sistema de mídia nacional em que o monopólio dos meios de comunicação por grupos e famílias reflete na qualidade do conteúdo produzindo, pois a narrativa gerada para a incauta opinião pública ocorre sempre sob a perspectiva de quem acusa e atendendo a propósitos políticos.

As peças de ficção produzidas por grupos dominantes de mídia que são abastecidos pela ilegalidade de setores do judiciário e ministério público onde o corporativismo fala em nome das instituições, estão colocando a República em pandemônio, pois não respeitam o direito ao contraditório e a lógica imposta pelo devido processo legal.

Desse modo, uma sociedade sem consciência acerca dos próprios direitos estará sempre vulnerável às artimanhas golpistas de grupos específicos que não estão comprometidos em cumprir os Objetivos da Constituição do país.        

Nenhum comentário:

Postar um comentário