quarta-feira, 23 de setembro de 2015

ORIGEM DA CRISE

Num período onde a crise generalizada e o generalismo da crise invadem os lares dos brasileiros e que oportunistas tiram proveito das perspectivas desanimadoras de curto prazo, também deve existir espaço para refletir sobre a qualidade da nossa democracia.

A origem da crise, principalmente, a política não está circunscrita ao Território do Distrito Federal, ao contrário, nos palácios de Brasília temos o reflexo da práxis cotidiana dos 5.570 municípios brasileiros, que conduzem a gestão pública sem espírito republicano.

Se atendo às devidas proporções, onde uns são mais que outros, os municípios brasileiros fazem da corrupção e da gestão perdulária uma prática comum entre os entes federados, ainda assim não estão sob os holofotes da grande mídia.

Seriam necessárias milhares de operações do tipo Lava Jato para sanar o Estado brasileiro dos que deturpam o funcionamento das instituições públicas em seus territórios municipais.

Num país onde não se aprende civilidade e cidadania nas escolas públicas, a gestão fraudulenta se torna a única modalidade com a qual querem tocar os recursos e o interesse público no Brasil. Os indivíduos entram na política com o claro intuito de beneficiarem-se, ilicitamente, dos recursos da população.

O fato de sermos brasileiros nas cidades, por si só, deveria servir para despertar nas pessoas o interesse pelo bom funcionamento das instituições municipais, pois os direitos constitucionais se materializam através desses instrumentos locais.

O analfabeto político, normalmente, é o mais crítico aos escândalos de corrupção veiculados na grande mídia, no entanto, esses mesmos, praticam crimes maiores e mais escandalosos nas cidades onde vivem que vão desde o roubo da merenda escolar de crianças pobres à realização de licitações fraudulentas cujo intuito é perpetuar esquemas financiando-os com os recursos desviados da cidade.

A crise que vivemos é, sobretudo, moral e ética, onde os que deveriam ocupar papel de protagonismo através da política nos municípios estão mais preocupados em manter o funcionamento fisiológico das instituições públicas que fazerem destas um passaporte para a dignidade humana.

Cientes do desconhecimento do cidadão comum, principalmente, os mais pobres a respeito do Estado de direito, o mau político age sem nenhum constrangimento anulando as possibilidades da população e viabilizando os seus interesses pessoais.

Numa realidade onde pessoas públicas de má-fé guardam o escrúpulo no armário da indiferença, não existem possibilidades reais de desenvolvimento humano, esses mesmos que roubam a esperança das pessoas assumem posturas assistencialistas que confundem os que não compreendem a dinâmica do Estado de direito.

Essa é a verdadeira crise pela qual passa o Brasil nesse início de século, crise de valores e compaixão com o próximo, onde as pessoas de má-fé querem ter a qualquer custo, mesmo que seja através do sacrifício de toda uma coletividade.

Antes mesmo de ter cem por cento da população educada e politizada, o Brasil precisa ter mais indivíduos de boa fé na política, que sejam capazes de fazer contraponto aos que desperdiçam as possibilidades asseguradas à nação pelo direito.

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