terça-feira, 13 de outubro de 2015

PLANTAÇÃO E COLHEITA

As ações do hoje implicam fatalmente na realidade do amanhã, essa Lei Natural se aplica a todos os aspectos da criação e, não é diferente na política e na condução da coisa pública, os que deturpam a funcionalidade das instituições no Estado de direito, prejudicam as gerações futuras e põem em risco a condição de vida da coletividade.  

Os que neste momento impedem o funcionamento adequado dos instrumentos criados para atenderem as demandas da sociedade e mitigar o sofrimento coletivo, não estão preocupados nem mesmo com o bem-estar dos seus no dia de amanhã.

Essa atitude irrefletida dos que não se atentam, propositalmente, à Lei da semeadura, recrudesce o sofrimento coletivo e gera danos sociais irreversíveis, submetendo gerações e mais gerações à nulidade e falta de perspectiva.

No Estado de direito, onde todos são iguais perante a Lei, a atitude deplorável dos que desvirtuam o funcionamento das instituições locais não pode ser aceita com naturalidade, pois ao fazer isso a coletividade também assina a sua sentença.

A crise do nosso sistema representativo se dá mais pela quantidade de pessoas de má-fé que se encontra na política que pelo potencial da nossa Justiça Eleitoral, quando não valorizamos o direito político, entregamos diretrizes complexas e fundamentais nas mãos de indivíduos que não dispõem de competência e vontade para realizá-las.

O voto do cativo não é voto consciente, a sua escolha se dá mais pela satisfação da sua necessidade imediata, imposta pelo cativeiro, que por projetos de longo prazo. As pessoas que crescem alienadas ao assistencialismo e personalismo, não conseguem ver em si mesmo a possibilidade de mudança da realidade.

No entanto, vale ressaltar que as amarras da alienação são fictícias e não resistem à luz da verdade, de modo que o determinismo e ausência de progresso impostos pelos maus políticos não perduram em comunidades onde as pessoas buscam esclarecerem-se à cerca dos seus direitos.

Os que insistem em plantar ventos para colher tempestade e não agem com responsabilidade perante as instituições do Estado de direito na cidade onde vivem, não estão comprometidos com o nosso ideal de república, são verdadeiros zumbis, vivem um presente opulento à custa da miséria coletiva, destroem o futuro dos próprios filhos satisfazendo a fome imediata.

As pessoas que lideram em comunidades onde predomina a insensatez são os principais culpados pelas tragédias cotidianas de uma comunidade desestruturada moral, social e economicamente. São esses “líderes” que serão apontados no futuro pelos que resistirão às intempéries impostas, a eles serão atribuída responsabilização.

Não é possível obter resultados diferentes agindo sempre da mesma maneira, e uma comunidade não avançará se os instrumentos de progresso coletivo estiverem alinhados apenas aos interesses de uma pequena parcela da população.

Onde fica sensatez dos que planejam a existência com base em mandatos eletivos a cada quatro anos, ao invés de se guiarem através de uma visão mais ampla que privilegie a infraestrutura para o desenvolvimento da cidade? Qual será o valor que o indivíduo, em comunidade, demonstra ao não enxergar outro interesse além do próprio?

Os maus políticos não agem sozinhos ao semearem a desesperança no lugar, contam com o apoio de cidadãos irresponsáveis que ignoram a imprescindibilidade do controle social e que, em muitos casos, afirmam detestarem o “jogo sujo” da política ao passo que compactuam com as irregularidades sem nenhum pudor.

As pessoas acostumadas a se beneficiarem promiscuamente de projetos de poder que ignoram a Constituição de 1988, a cada dia, vêem a dignidade humana ser diluída dentro dos seus próprios lares e não compreendem a relação causal entre as suas ações equivocadas e o sofrimento que vivencia dentro de casa.

O funcionamento regular das instituições municipais não se limita aos ritos burocráticos e fisiológicos cujo principal objetivo é ser referendado pelo Tribunal de Contas, antes, é necessário que esses documentos públicos reflitam as reais necessidades da população.
   
As Leis Orçamentárias, por exemplo, não farão sentido enquanto não forem criadas com base nas prioridades da população e, executadas no tempo e na dimensão necessária. Nos governos de faz de conta, o orçamento público não tem nenhuma utilidade, pois os gastos com o custeio cotidiano não correspondem às diretrizes orçamentárias adotadas.

As ações dos governos golpistas orbitam os orçamentos criados não havendo uma correlação entre o que está no papel e o que está sendo posto em prática, logo, o ente federado conduzido por esta modalidade de “governo” não oferece nenhuma garantia de qualidade de vida para as suas populações em médio e logo prazos.

Ao concordar com o funcionamento fisiológico das instituições locais, o cidadão também concorda em não ter direitos assegurados no município. Se os maus políticos insistem em não enxergar o potencial das nossas instituições, não é necessário que os acompanhemos.


O cidadão deve ser capaz de enxergar a realidade para além da sua própria periferia, talvez a resposta para o não desenvolvimento, ou desenvolvimento medíocre ou indigno, esteja justamente no fato de ignorarmos o nosso papel no Estado de direito, mais precisamente, no município do qual somos naturais.         

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