quarta-feira, 6 de julho de 2016

PARASITISMO POLÍTICO: IMPACTO NO PROGRESSO LOCAL

No Brasil todos são iguais perante a Lei, fazemos parte desse imenso país, temos direitos e não queremos favores. O interesse da maioria não pode continuar sendo prejudicado pelos que parasitam a política e impedem o desenvolvimento do lugar.

Os cidadãos precisam compreender as consequências do mau uso do direito político e os danos que isso trás para uma comunidade que acaba sofrendo as consequências de uma gestão pública guiada por interesses que não são os da população, onde políticas públicas não funcionam corretamente para atender as necessidades identificadas.

Nesse sentido é fundamental que todos compreendam a co-responsabilidade que deve existir entre a sociedade e os agentes públicos do Estado no sentido de viabilizar melhores condições de vida, sendo fundamental para isso a participação da sociedade na vida pública do lugar, interessando-se pelos rumos que estão sendo dados às políticas públicas localmente e acompanhando a aplicação dos recursos transferidos para cada área.

Ao manter-se distante a sociedade contribui para que as instituições públicas locais não atendam os propósitos para os quais foram criadas, desse modo, ao omitir no controle social, contribuímos diretamente para que prevaleça interesses que não são os da coletividade.

Os cidadãos que agem como parasitas no contexto da coisa pública são os que, mesmo participando diretamente da administração pública e testemunhando procedimentos fraudulentos que colocam em risco o interesse do conjunto da população fazem vista grossa como se ele próprio não fizesse parte da comunidade a qual está sendo prejudicada.

A gestão pública que deveria atender a propósitos claros e objetivos, correspondendo às necessidades identificadas através dos instrumentos próprios de administração, em realidades onde os parasitas são protagonistas não funciona adequadamente, pois não existe o interesse de entregar resultados aos munícipes.

São várias as políticas públicas que o Estado brasileiro oferece aos 5.570 municípios, nas mais diversas áreas, principalmente, educação e saúde, políticas que possuem fundos próprios e que os repasses são feitos automaticamente pela União ano a ano com base nos dados de sensos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e outros órgãos de Estado como os Ministérios.

Nas realidades em que não existe consciência política em nível suficiente para evitar que o comodismo e ganância tomem conta dos agentes públicos, fica impossível o funcionamento correto das políticas públicas. De qualquer modo, o instrumento de transformação estará sempre sob o controle da população, é necessário saber fazer uso do voto.

Além de termos o direito de participar diretamente do governo democrático na República Federativa do Brasil, o compromisso não se encerra ao depositar o voto nas urnas a cada 02 anos para eleger representantes nas diversas esferas do Estado, é necessário que haja a participação através das diversas instâncias que o Estado de direito oferece ao cidadão.

As conferências de política pública, por exemplo, são importantes instrumentos de participação da comunidade para a construção de projetos que beneficiem a maioria da população, são nesses momentos que acontecem a, no mínimo, dois anos nas mais diversas áreas da administração pública brasileira é que são conferidos se os propósitos da legislação estão sendo colocados em prática.

São em momentos como as conferências públicas que, geralmente, são escolhidas as pessoas dos diversos seguimentos para comporem os Conselhos das diversas áreas, sendo mais de 50% das vagas de conselheiros reservadas à sociedade civil. Embora seja um importante instrumento de participação da sociedade e de controle social, os conselhos acabam não funcionando em realidades dominadas pelo fisiologismo institucional.

Onde não existem conselhos atuantes a fiscalização é fortemente comprometida, ficando fácil para aqueles que manipulam os documentos públicos para viabilizar as contas do governo frente aos órgãos de Controle Externo, afinal, as contas são prestadas antes aos conselheiros, que ao notarem qualquer irregularidade deveriam tomar medidas cabíveis, inclusive, levando ao conhecimento do Ministério Público em caso de ameaças a direitos garantidos.

Nessas realidades parasitadas, o banditismo na política é aceito com naturalidade e indivíduos com direitos políticos suspensos pela Justiça Eleitoral gozam de plena liberdade sem nenhuma censura da parte da sociedade e dos formadores de opinião, na óptica dos que parasitam as possibilidades da máquina pública as condenações que os gestores recebem não são indicadores de que a política está sendo conduzida de maneira equivocada.

São vários os processos na Justiça Federal que atestam o desvio de recursos de áreas fundamentais para o progresso local como saúde e educação e, mesmo assim, os que não se solidarizam com o interesse coletivo fazem vista grossa e continuam acreditando no mau político que é recusado pelo sistema jurídico nacional e aceito pelos que parasitam a coisa pública, numa parceria altamente prejudicial à população.

O comportamento dos que atuam nas instituições públicas como parasitas, que não se importam com as consequências do comodismo e do interesse próprio na vida da coletividade, esses não estão preocupados com as gerações futuras, pois estão desperdiçando as oportunidades dadas no presente para construir as possibilidades do amanhã.

Basta observar os documentos públicos ou participar das reuniões públicas dos conselhos municipais em realidades em que a institucionalidade é um faz de contas, para entender o prejuízo que tem uma comunidade humana que se diz civilizada, ao aceitar que as suas instituições funcionem sem estarem comprometidas com o alcance de resultados.

Não existe razão que justifique a omissão da comunidade, pois seguindo os princípios da transparência e da publicidade, a União divulga todos os recursos transferidos nas mais diversas áreas a todos os entes federados, também são divulgados relatórios setoriais que, caso houvesse uma participação autêntica da sociedade, melhorias significativas poderiam acontecer na esfera pública.

Esses mesmos documentos que têm publicidade garantida revelam os que fazem da política uma prática criminosa, que desviam ou ajudam a desviar recursos públicos que deveriam financiar a saúde e a educação em municípios pobres cuja principal fonte de recurso são as transferências constitucionais, bastando o cidadão ter interesse em identificá-los.

Enquanto o a política estiver relegada a interesses escusos e o cidadão não compreender o seu papel de co-participe no Estado de direito, principalmente, àqueles que assumem funções na administração pública, o patrimônio da população continuará sendo deteriorado por pessoas que imaginam que coisa pública não tem dono e que nela tudo pode acontecer, sacrificando o progresso local e garantido o interesse da facção.

Os parasitas terão menos espaço e protagonismo no Brasil quando a política for instrumento para o bem coletivo, não apenas mecanismo de transporte de uma pequena parcela de indivíduos às possibilidades da máquina estatal, e para isso é fundamental que a população compreenda e participe do Estado de direito.

Desse modo, é possível concluir que nesses quase trinta anos da Nova República, não avançamos mais em Desenvolvimento Humano e progresso pelas escolhas às cegas que fazemos e pelo conformismo dos que conhecem e se omitem a lutar pelo progresso local.

É necessário que todos conheçam o quão danoso é um sistema político conduzido pelos parasitas e suas diretrizes equivocadas. Nessas realidades, embora o tempo passe, as transformações sociais não ocorrem, e a infraestrutura da qual depende o progresso do lugar nunca é desenvolvida, pois preferem manter a população escrava das próprias necessidades, perpetuando a dependência das pessoas aos favores.