quinta-feira, 22 de março de 2012

OLHANDO O RETROVISOR 

É inadmissível que o Poder Público ignore  fato de uma cidade ser formada de pessoas, que possuem família, conhecem  outras famílias , que possuem valores  e que de uma forma ou de outra contribuiu para que o município existisse até hoje. Se limitarmos o retrovisor aos últimos 49 anos, teremos condições de perceber  quais foram os benefícios  gerados pelo Poder Público local às famílias candidosalenses.

À medida que pioneiros valorosos como Moisés Felix e Machadinho deixaram de contribuir com a nossa comunidade com as suas presenças físicas e nas suas ações práticas a favor do interesse da cidade, sem pretensão  mas, com um desejo enorme de ver a cidade que tanto amaram rumar numa trilha de progresso. O interessante dos nossos pioneiros pré-emancipação, políticos da época, era que lutavam pelo interesse coletivo somente, prova disso que não havia nem ao menos salários e recursos para serem usados a favor do povo, visionários, ignoraram o fato de não haver ganho imediato e lutaram para que o município se consolidasse. A referência ao dois nomes é só a título de exemplo, pois existiram muitos homens e mulheres candidosalenses de caráter à frente do interesse público local, independentemente de serem políticos. 

Certamente o município que temos hoje não é mais o mesmo se levarmos em conta o crescimento dos recursos e o conjunto de políticas públicas que passaram a existir pós Constituição de 1988 para o serviço à população. No entanto, o que percebemos é que aquele sonho dos pioneiros de fazer uma Cândido Sales para que todos os seus familiares vivessem em paz não foi concretizado, embora a tão sonhada democracia pela qual lutavam houvesse chegado. Todos os indivíduos dessa comunidade possuem família e a sua maioria não caiu aqui de para quedas. Cada jovem, hoje marginalizado, possui endereço fixo e família e se irmos de encontro a essas famílias, entenderemos que elas não nos são estranhas. Marginalizar inadvertidamente as gerações atuais, desvinculando-as da própria história do município é um ato irresponsável. Certamente, muitos desse jovens hoje marginalizados pelos que teriam a obrigação de lhes fornecer expectativas de vida, são os netos, bisnetos, trinetos, tataranetos daqueles que um dia sonharam e lutaram por uma Cândido Sales mais justa. 

quarta-feira, 14 de março de 2012

HÁ 48 ANOS A DEMOCRACIA BRASILEIRA SUCUMBIA
Das comemorações “cívicas” à recordação do passado.

Por Sandro Marcelo Kozikoski e Flávio Pansieri

A crise político-institucional que resultou no “Golpe de 1964” teve os seus desígnios marcados pelo grande comício realizado na cidade do Rio de Janeiro, no dia 13.03.1964, ou seja, há exatos 48 anos. Na ocasião, o Governo João Goulart organizou um grande comício em frente à estação Central do Brasil, anunciando as chamadas “reformas de base”. Os segmentos conservadores e reacionários responderam com uma manifestação organizada em São Paulo: a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, ocorrida em 19.03.1964. Os ânimos se exaltaram e, no dia 31 de março, tropas militares avançaram sobre o Rio de Janeiro. O resto da história, todos já conhecem. João Goulart abandonou o país. O Congresso declarou a vacância e os militares assumiram o poder. Tristes e cinzentos dias se seguiram. 

Cabe lembrar que, antes da abertura democrática, a data de 31 de março era COMEMORADA. Sim, “comemoração cívica” nas escolas da rede pública!! Como se houvesse “algo” a ser comemorado... Entretanto, para nossa felicidade, o Brasil se livrou da tutela do arbítrio, com o compromisso inarredável em favor das liberdades públicas. Portanto, se não há mais comemoração cívica, torna-se imprescindível – ao menos - recordar a história, para romper com qualquer perspectiva ou tensão capaz de gerar abalos institucionais. Tolerância não significa concordância.

A Nação brasileira divorciou-se da opressão e renunciou à coação, razão pela qual, torna-se oportuno transcrever o trecho de HENFIL (publicado com adaptações):

“EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 4ª VARA DE FAMÍLIA.
O Sr. ATO CINCO e a Sra. NAÇÃO BRASILEIRA, ambos brasileiros, casados, ele residente na Praça do 3 poderes, Distrito Federal, e ela, prendas domésticas, residente no continente americano, latitude sul, vêm, requerer a V. Exa. que se digne a deferir o seu divórcio litigioso (incompatibilidade de gênios), observadas as formalidades legais e nos termos que se seguem:
1. Os suplicantes são casados há 9 anos, pelo regime de exceção de bens, conforme certidão inconstitucional anexa (AI 5).
2. O casal possui 110 milhões de filhos, de acordo com as certidões de nascimento anexadas a este instrumento.
3. Os filhos do casal ficarão sob a guarda da mãe, não podendo o pai nunca mais visitá-los quando lhes aprouver. Nem nos finais de semana e jamais nas férias escolares.
4. A suplicante abre mão do seu direito à pensão alimentícia, por dispor de meios próprios de subsistência, como proprietária de milhões de quilômetros quadrados.
5. (...).
6. A suplicante continuará usando seu nome de solteira, NAÇÃO BRASILEIRA.
7. Homologado o presente pedido de divórcio, os suplicantes requerem seja determinada a expedição de ofício para averbação do mesmo no Registro Civil, bem como o fornecimento de certidão em duas vias.
Pede deferimento.
OIAPOQUE AO CHUÍ, 15 de julho de 1977.
(a) Sr. Ato Cinco / Sra. Nação Brasileira” (HENFIL, Cartas da mãe. Rio de Janeiro : Record, 1986, p. 31).

HÁ 48 ANOS A DEMOCRACIA BRASILEIRA SUCUMBIA ...
Das comemorações “cívicas” à rec...

sábado, 10 de março de 2012

HISTÓRIA DE CÂNDIDO SALES.

Por: Gilberto Moraes 

            Até os anos 50, 60 e 70, só existia em Cândido Sales duas classes de pessoas. A classe dos pobres que era mais numerosa e classe dos ricos que contava mais ou menos com umas seis famílias. Foi na década de 60 que chegou o primeiro telefone na cidade e custava uma fortuna. Só os ricos podiam comprar. Pobre não se comunicava porque não podia ter esse luxo. Por isso os ricos se orgulhavam de ter o telefone e gabavam-se diante dos mais humildes que nem passavam perto de um aparelho de telefone. Anos depois, resolveram montar uma cabine telefônica numa salinha à margem da Rio Bahia, junto a uma agência de ônibus, onde os pobres pagavam as fichas para telefonar. Aí os pobres fizeram a festa!!! E agora em 2012, o que mudou nesse sentido???
TELEVISÃO.... A primeira televisão que chegou em Cândido Sales, foi no ano de 1970, comprada por um senhor da classe rica. O Senhor JOVIANO MARTINS, ele era político e chegou a ser prefeito por uma legislatura na cidade e por isso, permitiu que nós jovens, fossemos assistir os jogos da copa de 1970 em sua residência. Todos queriam ver jogar o Pelé, Garrincha, Tostão, Rivelino, Jairzinho e todos aqueles artistas da bola, mas a televisão era em preto e branco e só aparecia chuviscos. A imagem só aparecia a sombra dos jogadores e ninguém sabia quem era quem. Por isso, toda vez que a seleção brasileira ia jogar, nós formávamos um grupo e, de carona, ia-mos assistir aos jogos no MOTEL DA DIVISA. é isso mesmo!!! MOTEL.. hoje soa esquisito não é??? Assistir jogos no motel.... mas era isso. Esse motel era um grande complexo hoteleiro que até campo de aviação existia. com posto de gasolina e tudo. Tanto é que 1960, quando inaugurou o asfalto da rodovia Rio-Bahia, (meu pai trabalhou no DNER, na construção da via), a festa foi no Motel da divisa e nós fomos todos prá lá. Foi uma grande festa. Lembro-me bem que veio até o Presiente da República JUSCELINO KUBSTHCHEK, num avião de grande porte e com ele, veio também, mais ou menos uns cinquenta aviões pequenos, tipo teco-teco, que traziam muitos políticos, puxa-sacos, papagaios de piratas, pois todos queriam aparecer, mesmo porque tinham acabado de inaugurar a cidade de BRASÍLIA e esses pequenos aviões sobrevoavam o motel da divisa, parecendo uma revoada de urubus e, para nós, crianças, aquilo paarecia coisa de outro mundo, poi até então, ninguém conhecia avião. Enfim, o que mudou dos anos 50 até agora????