domingo, 18 de junho de 2017

REPÚBLICA JOVEM

A nova república ainda é jovem, o texto constitucional completará 29 anos em 05 de Outubro de 2017, isso implica dizer que as instituições democráticas, principalmente, as implantadas depois 1988, estão em fase primária a caminho de consolidarem-se, mas ainda longe da maturidade necessária para resistir aos golpes e ao tráfico de influência.



Justamente por esta característica do Estado de direito do Brasil que grupos de interesse, que não estão comprometidos com os objetivos constitucionais, encontram fôlego para implantarem esquemas de poder e dominação sobre o conjunto da população. Essa característica não está restrita a esta ou aquela corrente ideológica, mesmo porque, no Brasil, existem muitos capitalistas de esquerda e socialistas de direita, o que nos torna ainda mais sui generis na geopolítica.

O tráfico de influência não está restrito aos ministérios de Brasília, é uma pratica comum em todo Território Nacional. Do mais pequeno município à grande metrópole pratica-se crimes contra licitação e superfaturam obras públicas para que empresários-gangsters, possam compensar, com lucro, os valores pagos aos políticos no financiamento de campanhas e no pagamento de propinas, no entanto, mais escandaloso que a exposição desses fatos em nível nacional é a hipocrisia dos que ignoram essa característica nos municípios onde vivem.

Ou seja, temos um longo caminho até avançarmos para melhores níveis de democracia e civilidade, de modo que é necessário reconhecer as deficiências, porém jamais aceitar retrocessos, principalmente, no que diz respeito às conquistas sociais da população brasileira. Não podemos aceitar que, para compensar o prejuízo de trambique de maus políticos e empresários criminosos sejam retiradas conquistas asseguradas pela Constituição.

A narrativa da mídia oligopolista é no sentido demonizar a política e exterminar os partidos através do discurso generalista que não faz distinção entre o indivíduo e a instituição a qual pertence. Disseminam a prática equivocada de alguns indivíduos como sendo a comportamento de todos os membros de determinado partido, por exemplo. Além de produzirem conteúdos seletivos e tendenciosos e não respeitam o contraditório.

Na perspectiva do aperfeiçoamento das instituições de uma democracia, é imprescindível que haja reformas e adequações que correspondam ao tempo atual, porém essa reformulação não pode atacar as conquistas obtidas pelos cidadãos. A austeridade extrema não é solução econômica para o Brasil e para nenhum país capitalista do Mundo, principalmente, se significar retirada de direitos da população. Isso quem afirma são as próprias instituições do mercado como FMI, por exemplo, que em alguns pareceres técnicos reconhece não existir uma relação entre o aumento de empregos e a implantação de austeridade radical.

Diante da atual conjuntura cabe a sociedade exigir que a CF/88 seja cumprida integralmente, principalmente, no que diz respeito ao princípio da igualdade. As pessoas precisam se organizar para que os institutos públicos do Brasil não sejam conduzidos para satisfazer apenas um segmento específico da sociedade. Devemos ser vigilantes para que os governos não se distanciem da trajetória definida pelos objetivos constitucionais da República.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

O BRASIL E A POLÍTICA DO AQUÁRIO

A imaturidade da Nova República faz predominar, por hora, a idéia de uma política sem povo, em que se atribui todas as responsabilidades aos figurões da política nacional, ao passo que não se cumpre o papel estabelecido para a sociedade pela própria Constituição.

Na política do aquário não se discute projeto de país nem perspectivas para o futuro, o fisiologismo funciona a favor dos tradicionais donos do poder. E a principal causa disso é o distanciamento da população das questões atinentes ao Estado de direito.

A plástica e a superficialidade sedimentadas pelos meios de comunicação oligopolistas tornam o brasileiro comum, um indivíduo oco, apto ao modismo, mas que não se aprofunda a respeito de nada por achar enfadonho a realização de leitura e aprendizagem, negando, neste momento, os fundamentos do próprio Estado de direito, afinal, de que valerá termos legislação de primeiro mundo e não compreendê-la e absorver-la em nossa cultura?   

Essa linha imaginária que distancia o povo do público impede o aperfeiçoamento de programas que são financiados com recursos da própria população, ou seja, expressões que demonizam a política através de um discurso generalizado, de maneira alguma, contribuem para o fortalecimento da democracia no país.

Quanto mais o povo se distanciar da participação no Estado de direito, mais irá prevalecer o interesse das corporações ao invés do cidadão brasileiro, se o indivíduo abrir mão de eleger o representante o sistema se encarrega de preencher as vagas para que a engrenagem que funciona mais a favor do mercado que do próprio povo, vá à diante. 
  
As pessoas vivem mergulhadas na corrupção, são omissos na fiscalização dos recursos das cidades onde vivem, e elege o “jeitinho” como mania nacional e depois esperam ter criaturas cândidas à frente das instituições públicas, verdadeiro contra-senso, o que demonstra o distanciamento entre a indignação e a realidade prática.

A política do aquário torna-se ainda mais perigosa ao ser, sabidamente, manipulada para atingir propósitos escusos, onde num país de pouca leitura as produtoras de vídeo e TV que não estão comprometidos com Direitos Humanos encontram um campo fértil para a difusão daquilo que for conveniente ao mercado financeiro e ao modismo da vez.

Os apresentadores de TV obedecem a editoriais tendenciosos e, mesmo assim, tem a ousadia de criticar as obviedades da política nacional com o ar de deboche, típico daqueles que se sentem fora do contexto, demonstrando que, na cabeça de alguns, o nosso projeto democrático, é mais uma peça maleável e irrelevante a serviço do mercado financeiro, que algo que possa ser levado a sério. Esta característica reverbera nas instituições da República como o ocorrido, por exemplo, quando o presidente do TSE, durante importante julgamento, alertou ao seu colega de toga que estivesse atento, pois estavam sob os holofotes da GloboNews, espécie de papagaio de pirata da principal empresa do oligopólio midiático brasileiro.

Entender a política como algo a parte da sociedade é, sobretudo, falta de conhecimento, característico do nível civilizatório em que nos encontramos. Essa percepção é duplamente danosa, pois isenta o cidadão de participar e coloca as instituições públicas a serviço de interesses outros que não são os do conjunto da população. Quando não exercem o controle social, por exemplo, as pessoas assinam um cheque em branco para aqueles que eles dizem não confiar. Esse conjunto de incoerência é que nos leva a crer que a política institucional no Brasil ainda é peça decorativa de uma nação que espera receber tudo pronto.

É justamente essa nossa falta de protagonismo nas conquistas coletivas que nos torna reféns dos que deveriam nos garantir direitos, mas que preferem tirar proveito das fraquezas. Alguns cidadãos, políticos e eleitores, são tão egoístas que sacrificam qualquer projeto de bem comum, sem nenhum pudor, simplesmente, confiando na vulnerabilidade dos eleitores, que esperam a receita de país nos telejornais de grande audiência.

Somente transpondo essa apatia absurda que existe entre o cidadão e a república que teremos condições de avançar como nação democrática. A mediocridade tornou-se protagonista no Brasil, porque nós a alimentamos muito bem ao longo de séculos, o que possibilitou a ascensão de gangsteres e lobistas dentro das instituições públicas do país, todos estes aceitos, desde quando favoreçam as reformas neoliberais.