A imaturidade da Nova
República faz predominar, por hora, a idéia de uma política sem povo, em que se
atribui todas as responsabilidades aos figurões da política nacional, ao passo
que não se cumpre o papel estabelecido para a sociedade pela própria
Constituição.
Na política do aquário não
se discute projeto de país nem perspectivas para o futuro, o fisiologismo
funciona a favor dos tradicionais donos do poder. E a principal causa disso é o
distanciamento da população das questões atinentes ao Estado de direito.
A plástica e a
superficialidade sedimentadas pelos meios de comunicação oligopolistas tornam o
brasileiro comum, um indivíduo oco, apto ao modismo, mas que não se aprofunda a
respeito de nada por achar enfadonho a realização de leitura e aprendizagem,
negando, neste momento, os fundamentos do próprio Estado de direito, afinal, de
que valerá termos legislação de primeiro mundo e não compreendê-la e absorver-la
em nossa cultura?
Essa linha imaginária que
distancia o povo do público impede o aperfeiçoamento de programas que são
financiados com recursos da própria população, ou seja, expressões que
demonizam a política através de um discurso generalizado, de maneira alguma,
contribuem para o fortalecimento da democracia no país.
Quanto mais o povo se
distanciar da participação no Estado de direito, mais irá prevalecer o
interesse das corporações ao invés do cidadão brasileiro, se o indivíduo abrir
mão de eleger o representante o sistema se encarrega de preencher as vagas para
que a engrenagem que funciona mais a favor do mercado que do próprio povo, vá à
diante.
As pessoas vivem mergulhadas
na corrupção, são omissos na fiscalização dos recursos das cidades onde vivem,
e elege o “jeitinho” como mania nacional e depois esperam ter criaturas
cândidas à frente das instituições públicas, verdadeiro contra-senso, o que
demonstra o distanciamento entre a indignação e a realidade prática.
A política do aquário
torna-se ainda mais perigosa ao ser, sabidamente, manipulada para atingir
propósitos escusos, onde num país de pouca leitura as produtoras de vídeo e TV
que não estão comprometidos com Direitos Humanos encontram um campo fértil para
a difusão daquilo que for conveniente ao mercado financeiro e ao modismo da
vez.
Os apresentadores de TV
obedecem a editoriais tendenciosos e, mesmo assim, tem a ousadia de criticar as
obviedades da política nacional com o ar de deboche, típico daqueles que se
sentem fora do contexto, demonstrando que, na cabeça de alguns, o nosso projeto
democrático, é mais uma peça maleável e irrelevante a serviço do mercado
financeiro, que algo que possa ser levado a sério. Esta característica reverbera
nas instituições da República como o ocorrido, por exemplo, quando o presidente
do TSE, durante importante julgamento, alertou ao seu colega de toga que
estivesse atento, pois estavam sob os holofotes da GloboNews, espécie de
papagaio de pirata da principal empresa do oligopólio midiático brasileiro.
Entender a política como
algo a parte da sociedade é, sobretudo, falta de conhecimento, característico do
nível civilizatório em que nos encontramos. Essa percepção é duplamente danosa,
pois isenta o cidadão de participar e coloca as instituições públicas a serviço
de interesses outros que não são os do conjunto da população. Quando não exercem
o controle social, por exemplo, as pessoas assinam um cheque em branco para
aqueles que eles dizem não confiar. Esse conjunto de incoerência é que nos leva
a crer que a política institucional no Brasil ainda é peça decorativa de uma
nação que espera receber tudo pronto.
É justamente essa nossa
falta de protagonismo nas conquistas coletivas que nos torna reféns dos que
deveriam nos garantir direitos, mas que preferem tirar proveito das fraquezas.
Alguns cidadãos, políticos e eleitores, são tão egoístas que sacrificam
qualquer projeto de bem comum, sem nenhum pudor, simplesmente, confiando na
vulnerabilidade dos eleitores, que esperam a receita de país nos telejornais de
grande audiência.
Somente transpondo
essa apatia absurda que existe entre o cidadão e a república que teremos
condições de avançar como nação democrática. A mediocridade tornou-se
protagonista no Brasil, porque nós a alimentamos muito bem ao longo de séculos,
o que possibilitou a ascensão de gangsteres e lobistas dentro das instituições
públicas do país, todos estes aceitos, desde quando favoreçam as reformas
neoliberais.
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