terça-feira, 30 de maio de 2017

BRASIL, MERCADO E A PINGUELA

Por muito menos destituíram a presidente do Brasil eleita pelo povo através das forças progressistas, comprometidas com o Estado de direito e com a Constituição de 1988, principalmente, em suas garantias sociais e aos direitos humanos.

Através de golpe parlamentar, impeachment sem crime, tiraram Dilma Rousseff, no entanto, Michel Temer o vice-traidor, exala podridão com a sua patota sem preocupar com as evidências dos seus crimes. E para a felicidade geral das elites e a garantia dos interesses corporativos, Temer diz que fica e não renuncia. Enquanto isso, os falso-moralistas da mídia oligopolista, avessos aos governos populares fazem cara de paisagem, até que as reformas que retiram direitos passem no congresso.   

Nesse ínterim, sem conhecer a realidade do Brasil e a necessidade premente de se fazer o enfrentamento da imensa desigualdade existente no país, os capitalistas de países “civilizados” apóiam esse tipo manobra para garantirem alguns bilhões de dólares a mais, mesmo sabendo que isso significa interferir fatalmente no destino de uma nação inteira.

Para os rentistas vale à pena tirar a possibilidade dos cidadãos, que pelo processo desigual de formação da sociedade brasileira, ainda não alcançaram o patamar de dignidade humana definido pela própria constituição, e por isso mesmo, não conseguem perceber o retrocesso que as reformas, feitas para o mercado, trarão.   

Reformas nas instituições públicas e democráticas sempre foram necessárias e é perfeitamente normal, justamente para ajustar tais mecanismos do Estado aos avanços que a sociedade obtém ao longo do tempo, no entanto, não é esse tipo de reforma que está sendo protagonizada pelo Sr. Michel Temer e os rentistas do Brasil.

Estão desconstruindo o estado de bem estar social no Brasil com medidas de austeridade extrema que não se observa nem mesmo nos países ditos de primeiro mundo, onde se observa altos índices de desenvolvimento humano.

Aonde quer chegar o imponderável mercado financeiro internacional, que em nome do lucro a qualquer custo, interfere no projeto de nação, na República? E o caos social, como os nossos “amigos” do estrangeiro irão colaborar nesse sentido? Irão nos vender armas? Ou irão aproveitar a oportunidade para nos assaltar a Amazônia?

O rentismo, não o capitalismo, corrói as possibilidades de sobrevivência da humanidade no Planeta, afinal, a população não se resume ao 1% mais rico da Terra. Que estupidez e covardia são estas em que vale tudo, inclusive, liquidar projetos democráticos de nações para atenderem às expectativas das agências de rating?

Não por acaso, a comunidade internacional, por meio de organismos multilaterais, denuncia a lógica predatória do mercado internacional, e tem trabalhado para que os organismos que o regula e financia, não pautem em critérios apenas quantitativos e, mesmo estes, quando utilizados devem incluir variáveis humanas em suas frias equações que funcionam mais como fascínio para os investidores, numa hipnose mórbida, que referencial para tomada de decisão.

GamePlays que se valem de um artifício matemático para solapar as riquezas das nações sem se preocupar com os impactos disso, provocando um caos no Mundo. Valem-se da especulação e do oportunismo para ganharem fortunas no curto prazo enquanto o valor da força do trabalho e da criatividade humana, elementos imprescindíveis para a sobrevivência no planeta são relativizados.      
    
Não é apenas a austeridade radical que deslegitima as reformas do governo putrefato do corrupto Michel Temer, a ausência de participação da sociedade civil nas discussões e o apressamento das medidas é que assustam os que imaginam o país daqui a 30 anos. Institutos de pesquisas e Universidade centenárias estão sendo ignoradas no que diz respeito às consequências nefastas das reformas pretendidas.

Enquanto isso, no Brasil, as empresas privadas de comunicação, em sua maioria, atreladas oligopólios midiáticos, consequência o patriarcalismo e da ausência de regulamentação no mercado de comunicação, fabricam a opinião pública. Esses grandes grupos de mídia são favoráveis às reformas de Temer e o vê como mal necessário, e por isso mesmo, praticam um jornalismo seletivo e partidário, não respeitam e não veiculam as idéias contrárias às reformas pretendidas pelo governo.

As Nações Unidas já diagnosticaram o futuro do mundo até 2050, as previsões que não são especulativas e se baseiam em pura ciência, apontam enormes desafios para a humanidade, se nada for feito, as futuras gerações é que sofrerão as consequências da irracionalidade praticada hoje na sociedade de consumo.

Usurpar direitos de populações subdesenvolvidas não deveria fazer parte do rol do que se considera praticável no mercado financeiro internacional.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

QUE POLÍTICA NÓS QUEREMOS?

Enquanto a campanha política carnavalesca substituir a política propositiva a cada quatro anos e a população brasileira continuar votando sem refletir, o conjunto da sociedade permanecerá à margem do sistema político e alheio aos próprios direitos.


O desconhecimento não tira de nós a responsabilidade pela qualidade da política, pois, geralmente, não fazemos a nossa parte como cidadão na relação com Estado e lançamos mão do generalismo na tentativa de preencher o imenso vazio deixado pela nossa falta de responsabilidade com as instituições públicas do Brasil.

Alguns se mantêm separados da vida do Estado através da linha imaginária da irresponsabilidade esperando por soluções prontas, sem participar conscientemente dos diversos espaços garantidos pela constituição. Mesmo os cidadãos que deveriam ter consciência acerca da democracia como os funcionários públicos, por exemplo, na maioria dos casos se entregam ao corporativismo e abdicam de fazer a coisa certa. 

Para vislumbrar a política que queremos, é necessário reconhecer o cotidiano do sistema político atual e a sociedade deve assumir a sua parcela de culpa nisso. Uma política de um Estado democrático não deve se limitar a esta ou aquela corrente ideológica é, na verdade, o caminho escolhido para que a sociedade exerça sua liberdade.

A dificuldade do nosso sistema não está relacionada à ausência de legislação, até que nossas leis são modernas e coerentes com o que se pratica na maioria dos países civilizados, o grande problema é que aqui, entre outras coisas, a luta de classes extrapolou o limite da ética e grupos economicamente mais fortes estão retirando direito da população.

Toda vez que demonizamos a política e a associamos com a ilicitude generalizada, sem fazer a distinção entre o mau e o bom político, sem diferenciar o ser humano desonesto que utiliza as instituições do Estado para assegurar os seus próprios interesses daqueles que a biografia confirma o seu compromisso com o bem comum, cometemos um grande equivoco.

É necessário entender a função determinante que exerce a política numa sociedade democrática e nos reconhecermos como sujeitos políticos para que a partir daí sejam definidas diretrizes pelas quais todos devem se orientar no exercício da vida em comunidade.

Não adianta transferir a culpa aos representantes políticos enquanto compactuarmos com a maneira errada como a política é feita no Brasil, a começar pelos municípios onde as pessoas vivem, é necessário compreender que a obrigação de participar não se limita ao dia da eleição e que o voto repercute diretamente na vida das pessoas para o bem e para o mal.

Para construir a política que queremos numa realidade em que a justiça e o direito prevaleçam é preciso substituir o individualismo pela solidariedade, do contrário, as pessoas continuarão entendendo que na política pode tudo e que coisa pública é de ninguém ou de quem chegar primeiro. Além disso, é necessário que o exercício da cidadania substitua a hipocrisia.  

Muitos se posicionam como defensores da moralidade e intolerantes às práticas ilícitas dos políticos corruptos, principalmente, os apresentados pela grande mídia ao passo que cometem, diariamente, desvios de recursos e crimes contra o interesse público.

Alguns falam em refundar a república sendo que nem mesmo a terça parte da população tenha assimilado, ainda, o texto constitucional vigente. Aspecto que pode ser retratado pela tamanha apatia da sociedade brasileira do controle social que deve ser feito pelo cidadão e contribuinte, de modo que, reclamam da qualidade do serviço público, mas não se interessam em saber como os recursos estão sendo aplicados nas diversas áreas.

Nas cidades do interior do Brasil que ainda não foram contempladas pelo desenvolvimento econômico e social, em muitos casos, os recursos públicos representam a única fonte de receita do Território Municipal e os empregos das prefeituras são disputados a tapa por uma multidão de desempregados o que garante forte polaridade nas disputas políticas locais.

Por não conhecerem ou não acreditarem no potencial do Estado de direito nas cidades algumas pessoas se lançam na disputa política apenas para garantirem alguma “vantagem” utilizando o método que for necessário para assegurá-la, recorrendo à compra de votos e aos mais diversos tipos de ameaças, se necessário, sempre tendo a vulnerabilidade social da população como trunfo.

Esse modus operandi da política nos municípios pobres do Brasil ilustra bem o desafio que a sociedade tem para construir um sistema político que corresponda à Constituição de 1988, onde todos os brasileiros são iguais em direito e obrigação.

Desse modo, além de trabalhar incessantemente para reduzir a imensa desigualdade existente no Brasil, que muitas vezes submete, irremediavelmente, o cidadão ao jugo do dominador para a satisfação de necessidades primárias, é necessário nos conscientizar de que existem interesses comuns que precisam ser alcançados.

Para construir a política que queremos precisamos ser mais solidários e nos distanciar do complexo de vira-latas que dificulta o nosso posicionamento como cidadão de direito no Brasil, é necessário reconhecer o papel do Estado e construir, juntos, um projeto de sociedade que não exclua e gere oportunidade para todos, após essa construção é dever da população assegurar que compromissos assumidos sejam cumpridos, afinal, sempre teremos a política que merecermos.