A extrema direita tem se arvorado em
várias regiões do globo com um discurso xenófobo e conservador,
anti-intelectual e racista. Na democracia, em tese, o voto é que leva ao poder
o interesse da maioria, logo, em que medida o projeto da extrema direita
beneficia a maioria dos brasileiros?
O fenômeno da extrema direita está
alastrado por todo o mundo com focos nos diversos continentes, se tornando
agente influenciador da geopolítica mundial. Em meio à crise pela qual passa o
planeta, o discurso violento e intolerante passou a ter ressonância nas várias
sociedades e, mesmo em países civilizados, as pessoas abrem mão das
possibilidades do Estado de direito e se lançam em aventuras conservadoras.
Donald Trump, bilionário eleito para
presidir os EUA em 2016 é o maior vulto entre os figurões da extrema direita no
mundo. Com o discurso imperialista e anti-globalista, atualmente, bloqueia o
Orçamento Público do país até que o seu desejo de construir um muro na
fronteira do México seja contemplado na peça orçamentária daquele país.
O presidente americano é considerado
referência para ultradireita mundial, ele acabou com a possibilidade de um
Programa de Saúde Pública para os cidadãos do seu país e desregulamentou leis
de proteção ambiental, ele também retirou os EUA do Acordo do Clima de Paris,
protocolo assinado pelos países membros das Nações Unidas onde se comprometem
com a diminuição do aquecimento global.
Com a extrema direita no poder, o
clima de guerra toma os espaços antes frequentados pelo diálogo, fundamentados
na autodeterminação dos povos. O caos provocado beneficia apenas os 1% mais
ricos do planeta que se sentem imunes às consequências de um governo que
destrói o estado de bem-estar social.
A consequência da política econômica
neoliberal e do discurso belicista dos governos de extrema direita é o aumento
da miséria e da fome no mundo. Povos inteiros são obrigados a migrarem de seus
territórios de origem para tentarem sobreviver diante da investida do grande
capital financeiro na soberania nacional dos vários países.
A gana dos EUA em capturar para si
toda a riqueza do planeta, principalmente, o petróleo, tem tornado a
sobrevivência de bilhões de seres humanos ainda mais difícil, pois os países
que não entregam facilmente a riqueza aos norte-americanos são obrigados a
fazerem através da força de golpes e sanções econômicas.
Depois do Iraque, Líbia e Síria os
Estados Unidos escolheram como alvo a Venezuela na América Latina. Os
venezuelanos vêm sofrendo sanções de toda ordem e a soberania popular é
contestada pelos EUA e pelos organismos internacionais liderados pelos
norte-americanos, a Venezuela possui uma das maiores reservas petrolífera do
mundo.
Eles alegam que o regime do governo
Maduro é ditatorial e que desrespeita os direitos humanos, ao mesmo tempo,
apoia a monarquia saudita regime autocrático e religioso, onde mulheres não têm
direito algum e os cidadãos do país não possuem nenhuma perspectiva de ascensão
social e vida digna.
A Arábia Saudita também não respeita
a liberdade de imprensa e, recentemente, assassinou um jornalista turco que
criticava o regime no seu consulado em Istambul.
Ou seja, para os Estados Unidos o que
define o seu posicionamento diante de um Estado Nacional é a disposição do
mesmo em entregar as suas riquezas e abrir mão da soberania ao império
estadunidense. Sob a batuta de Donald Trump e sua doutrina de EUA 1º a
intervenção em outros países em buscar da riqueza alheia tornou-se ainda mais
intensa.
Atualmente, ao invés de soldados,
tanques e porta-aviões os EUA fazem uso de outros instrumentos para viabilizar
o seu interesse nos países-alvo: Espionagem industrial, escutas ilegais de
governantes, roubo de informações estratégicas dos países em desenvolvimento e
a promoção do caos institucional através de lawfare constituem a tática de
guerra que destrói as democracias e aprisionam a soberania nacional para que a
riqueza do país seja dilapidada pelos rentistas de todo o globo.
Essa guerra híbrida é mais destrutiva
que bomba atômica nos países onde as instituições ainda são fracas devido ao
perfil socioeconômico e a incipiência das democracias. A elite financeira, que
nos países pobres constituem o corporativismo nas instituições do estado,
viabilizam golpes contra a constituição com o respaldo das cortes supremas de
justiça.
A extrema direita, por sua vez, sabe
tirar proveito dessa conjuntura e viabilizar o seu projeto de poder
incorporando ao arsenal da guerra hibrida o fundamentalismo religioso e o
conservadorismo nos costumes que, respaldados por forças midiáticas, conseguem
viabilizar a ascensão desse pensamento político ao poder.
A vulnerabilidade social e econômica
da humanidade mais a degradação do planeta Terra acendem o alerta vermelho a
projetos de poder cujo foco é a concentração de riqueza e enfraquecimento das
políticas sociais em todo o globo. O aquecimento global assombra os
pesquisadores ao passo que os seus efeitos são minimizados pelo mercado
financeiro.
Quanto mais pobre a região mais
suscetível estará à barbárie do capitalismo selvagem. Em lugares onde os
índices de desenvolvimento humano são baixos a chegada da extrema direita no
poder representa o aumento do sofrimento humano devido à lógica que utilizam ao
reduzir investimentos ou acabar com políticas públicas de fomento e
distribuição de renda, ao passo que privatizam importantes empresas públicas.
O Brasil é o maior país da América Latina,
possui dimensão territorial de continente, uma das maiores democracias do mundo,
depois de sucessivos golpes e mudança de regime político está sob a égide do
texto constitucional de 1988, a propalada Constituição Cidadã escrita por
constituintes de todas as regiões do país e pelos mais diversos segmentos da
sociedade.
A dimensão territorial e a diversidade
do Brasil são contempladas pelo texto de 1988, inclusive, a Constituição tem
entre os seus objetivos construir uma sociedade livre, justa e solidária;
erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e
regionais. Temos a ferramenta para nos emancipar como nação, no entanto, os que
não concordam com a ideia de um país para todos mantém o povo sego acerca dos
direitos.
Apesar da elogiada configuração da
constituição brasileira, os cidadãos não possuem garantias de que o texto será
respeitado. São apenas 30 anos de redemocratização e muitos avanços são
claramente percebidos, no entanto, a percepção de setores da elite de que não é
possível compartilhar o Brasil coloca em risco a correta interpretação da Lei.
A presença da extrema direita no
poder central do Brasil representa grande ameaça num país que está entre os
mais desiguais do mundo e as diferenças regionais podem ser acentuadas se a
constituição deixar de ser cumprida pelo governo de plantão e, infelizmente,
isso vem acontecendo desde 2016 quando destituiu--se a governante eleita pela
maioria dos brasileiros sem crime de responsabilidade em nome do interesse
especulativo e das grandes petrolíferas mundiais que roubam o futuro das
crianças brasileiras ao agirem como chacais na destruição da institucionalidade
do país.
Não cumprir a Constituição de 1988
significa condenar milhares de cidadãos à falta de perspectiva e mergulhar o
Brasil no caos social. Destruir políticas públicas estruturais e desmontar
instituições que cumprem princípios constitucionais sem colocar nada no lugar é
o convite à barbárie feito pela extrema direita.
A desigualdade regional e econômica é
um dos maiores desafios da república brasileira e a presença da extrema direita
no Planalto impacta de maneira desastrosa a condição de vida dos cidadãos mais
pobres. Com 210 Milhões de habitantes, no Brasil, seis pessoas possuem a
riqueza da metade da população.
O Norte e o Nordeste do país concentra
a maioria dos brasileiros em condição de vulnerabilidade social e econômica, os
Objetivos Constitucionais precisam ser aplicados e as políticas públicas não
podem ser interrompidas nos municípios que compõem essas regiões. O
congelamento dos investimentos públicos por 20 anos, conquista do mercado
financeiro junto ao Congresso Nacional, inviabiliza políticas e projetos
fundamentais.
As medidas da extrema direita e o
desrespeito ao Art. 5º da Constituição Federal colocam os trabalhadores
brasileiros em situação de grande vulnerabilidade: aumento da miséria, da fome
e o aumento da violência em todas as dimensões. Nas regiões em que as cidades
sobrevivem das Transferências Constitucionais o pensamento de estado-mínimo ameaça
a sobrevivência das pessoas e as submete à falta de perspectiva.
O impacto da ascensão da extrema
direita nos municípios pobres do Brasil pode ser destruidor, pois uma das características
da ultradireita direita tropical é a falta de propostas claras para o país, o
que aumenta a insegurança quanto ao futuro, além disso, não cumprem os
objetivos constitucionais ao desmontarem políticas públicas legitimas.
Programas como o Bolsa Família, PBF
que transfere renda aos cidadãos brasileiros em situação de vulnerabilidade
social pode sofrer alterações drásticas sob a tutela dos Chicago boys, o PBF já
vem sofrendo interferência desde a última gestão federal e agora perder o
benefício está mais fácil que conquistá-lo, constada a necessidade. Cidades do
nordeste com até 30.000 habitantes, chegam a arrecadar mensalmente R$
822.942,83 pagos pelo Bolsa Família, nessas cidades o recurso impacta
fortemente na economia local.
A extrema direita entende garantias
constitucionais e os direitos sociais dos brasileiros como ideologia comunista,
o que é uma grande mentira, e que às vezes desestimula o cidadão a lutar pela
manutenção dos direitos conquistados. É simples, basta retornar aos objetivos da
constituição brasileira para constatar o comprometimento da república com o
enfrentamento das mazelas nacionais, das quais os pobres não são culpados.
Sistemas públicos de assistência como
o Sistema Único de Saúde – SUS, invejado por países desenvolvidos, vem sofrendo
reiterados desmontes e, não sofre mais por conta da atuação da sociedade civil
através do Controle Social da Saúde, principalmente, o Conselho Nacional de
Saúde – CNS e os conselhos estaduais. A visão neoliberal é privatizar a saúde e
desonerar o estado de despesas vinculadas ao SUS, oferecendo plano de saúde
privado.
No entanto planos privados não serão
capazes de assegurar a universalidade, integralidade e equidade do direito à
saúde dos brasileiros como determina a CF/1988 e a Lei Federal que regulamenta
o direito. Na maioria dos municípios do Brasil o SUS é responsável por 100% dos
serviços de saúde pública, da vigilância em saúde ao transplante de órgãos,
através de pactuações realizadas em todo Território Nacional.
Outro sistema que vem sendo
prejudicado pelas medidas neoliberais gestadas no Brasil é o Sistema Único de
Assistência Social – SUAS cujo propósito é assegurar a universalidade da
assistência social aos brasileiros através de programas como os Centro de
Referência de Assistência Social – CRAS que funcionam nos municípios
representando política pública essencial, principalmente, nas cidades pobres do
Brasil.
A ascensão da extrema direita em
países com as características socioeconômicas do Brasil em tese, não trará
benefícios para o conjunto da população haja vista que as medidas dessa
modalidade governo colocam em risco o estado de bem-estar social dos países
onde atua, e por isso, é necessário estarmos atentos às escolhas que fazemos
através do voto.
Quando governos de ultradireita
chegam ao poder pelo voto da maioria da população, sentem-se legitimados para
aplicarem as suas medidas radicais e, mesmo sabendo que trarão prejuízo à
maioria da população não hesitarão em implementar medidas que são altamente
prejudiciais à população, principalmente, os segmentos mais pobres. Por esta
razão é fundamental que a escolha do governante seja feita de maneira
consciente.
Se continuarmos decidindo de maneira
irrefletida não alcançaremos o desenvolvimento necessário e, através da escolha
que fazemos podemos estar condenando mais da metade da população aos riscos
atrelados à vulnerabilidade social e econômica.
É necessário entender que estamos sob
a influência de um sistema bem maior que envolve forças e interesses que
perpassam as fronteiras nacionais e que, sem perceber, podemos estar sendo
induzidos a viabilizar projetos de poder os quais não trarão benefícios no
curto e nem no logo prazo. É fundamental que tenhamos consciência política.