Missão
01 – Célio Alves/Usina
No último dia 13 de Maio o
Movimento cidade nossa deu início às missões de bairro, que consiste na
realização de visitas aos bairros de Cândido Sales, no intuito de identificar
as irregularidades do poder público municipal, em áreas como limpeza pública,
manutenção de patrimônio e outros direitos essenciais nos bairros da nossa
cidade. Em nossa primeira missão tivemos a participante do Poder Legislativo
Municipal a vereadora Claudiane Morais, que legitimou ainda mais a participação
deste Movimento no Controle Social dos recursos da cidade.
Bairro Célio Alves:
O
primeiro ponto visitado pela nossa comitiva foi a Praça dos Carvoeiros, também
conhecida como “pracinha do Célio Alves”. Essa é a única praça do bairro e o
estado de conservação em que se encontra a praça é lastimável, a praça recebe
também a Igreja Católica da comunidade de Santa Luzia, e é referência para os
católicos daquele bairro. Coincidentemente visitamos o bairro e a praça dos
carvoeiros especificamente no dia em que se comemorou 126 anos da abolição da
escravatura em nosso país.
A
praça que está abandonada a vários anos, não possui bancos e nem mesmo a placa
que identifica o patrimônio da população com data de criação entre outros dados
existe mais.
O abandono
da praça do Célio Alves é estranho e àquela comunidade merece esclarecimentos
do poder público e dos vereadores, pois o que parece é que a administração quer
impor sobre o bairro um estigma de fracasso e negatividade, os aposentados ali presentes,
precisam trazer bancos de casa para sentarem-se na praça, ao passo que os
bancos da praça estão tomados de lixo e formigueiro e outros estão totalmente
destruídos. A imagem que a pracinha reflete é bastante triste e denuncia um
profundo abandono, vale lembrar que foi do Célio Alves que pariu a maior parte
dos votos de Hélio Fortunato.
Alguns
jovens e idosos que se encontravam nas mediações da praça no momento da nossa
visita demonstravam-se estarrecidos com a situação, e diziam-se revoltados com
o governo, que prometeu tanto ao bairro e depois largou as pessoas ao abandono.
Durante a visita ao bairro, acompanhamos a vistoria da vereadora à obra pública destinada à construção de Unidade Básica de Saúde para o bairro, que está sem postinho a quase um ano, ficando as pessoas desorientadas à cerca do atendimento que precisam ter da atenção básica (vacinação, planejamento familiar, dentista e outros). A casa que era utilizada como sede da Unidade de Saúde do bairro, teve o contrato de locação cancelado por falta de pagamentos, de lá para cá, as coisas estão ainda mais difíceis para os candidosalenses do bairro Célio Alves.
A
obra que apresenta placa informando a entrega do empreendimento em 21/05/2014,
ou seja, daqui a 05 (cinco) dias, ainda se encontra na base, e segundo o
encarregado, só ficará pronto daqui a 03 (três) meses. Ficando a população
desassistida durante todo esse tempo. Essa situação é insustentável, afinal, os
recursos da saúde continuam a entrar no município com base no número de
habitantes, as pessoas não podem ser penalizadas pela incompetência e
morosidade da máquina pública.
Os problemas
do bairro Célio Alves não se limitam à falta de assistência médica e ao
abandono do patrimônio municipal, as ruas também estão carentes de limpeza,
reparo e manutenção, a vegetação tem tomado conta das vias e buracos enormes
impedem o trafego de veículos, inclusive, dos destinados ao serviço público de
segurança e saúde. Muito entulho nas ruas, alguns impedindo até o fluxo, esse
aspecto é reproduzido em todos os bairros da sede do município, é um misto de
desestrutura do governo com falta de consciência dos moradores, algumas
pessoas, queixaram-se também do carro do lixo, que talvez, pela própria
limitação dos buracos nas ruas, não tem passado para recolher o lixo doméstico
da população, sendo, necessário, a queima desse lixo pelos próprios moradores.
Bairro Usina:
As ruas do bairro Usina obedeceram o
mesmo padrão de abandono identificado no Célio Alves, entulho, mato, esgoto a
céu aberto e lixo espalhado pelos cantos de rua. As pessoas que tivemos contato
demonstram-se insatisfeita com a situação e dizem que se fosse pela vontade dos
mesmos não gostariam de estar naquela situação. Aparentemente existe uma grande
dificuldade da parte da prefeitura municipal em organizar-se adequadamente para
oferecer um serviço racional e regular de limpeza e recolhimento do lixo nas
residências da cidade. O sentimento de abandono é muito comum entres os
munícipes, sem esperança, os cidadãos candidosalenses parecem esperar de tudo
da atual gestão, que não tem demonstrado de maneira clara a lógica na qual o
governo está se orientando, se de fato atende aos preceitos constitucionais e
se beneficiam a maioria da comunidade.
Na oportunidade da visita ao
bairro da Usina, juntamente com a única vereadora do município, sensível as
causas da cidade, tivemos a chance de conhecer mais de perto a estrutura das USF
fornecidas à população pelo Governo Federal. Verificamos que as reiteradas
reclamações dos usuários do SUS sobre essas Unidades de Saúde Pública são
verdadeiras, sérias e urgentes, no entanto, não está sendo objeto de profundo
empenho do atual governo, haja vista, o fato de deixarem a população a tanto
tempo sem a medicação da Farmácia Básica e sem assistência que proposta por Lei
pelo Programa Saúde da Família do Ministério da Saúde.
A
técnica que apresentou-se como responsável pela Unidade no momento da nossa
visita, nos acolheu gentilmente e entendeu que se tratava apenas de controle
social. A profissional queixou a desestrutura da USF, segundo ela, falta até
mesmo itens essenciais como copos descartáveis e papel higiênico. Há muito
tempo a Unidade da Usina não faz curativos entre outras atribuições que lhe
compete no Sistema Único de Saúde – SUS, que repassa recursos financeiros
periodicamente para garantir o Piso Básico dos servidores da Assistência Básica
e recursos para a Farmácia Básica da USF, um serviço público que apresenta
tantas deficiências não deveria ser aceito passivamente pela comunidade candidosalense,
de modo, que os conselhos gestores de políticas públicas, responsáveis por
deliberarem quanto a aplicação dos recursos da saúde, por exemplo, não deveriam
assistir a tudo sem tomar atitude alguma, o que reforça a suspeita de alienação
dos conselhos pelo jogo de interesse que representa os empregos da prefeitura.
Podemos
observar que a parte estrutural da Unidade de Saúde apresenta algum nível de
qualidade (Equipamentos, disposição salas, murais). Existem vários espaços
destinados para comunicação da Unidade com os integrantes da equipe com a
comunidade, nota-se no entanto, que em alguns espaços que seriam destinados à
comunicação com usuário, são utilizados para comunicação interna. Mas não é
comunicação o problema mais grave das nossas USF’s, a problemática da equipe
incompleta impede o desenvolvimento de um trabalho multidisciplinar e eficiente
com o cidadão, por exemplo, quando tem o médico, falta a medicação e
vice-versa, a profissional que nos atendeu diz estar com 02 (dois) meses de
pagamento em atraso, que a recepcionista da Unidade já não estava vindo, falou
também que o médico não estava vindo, alegando falta de pagamento, a Unidade
também não possui o profissional de odontologia, embora possua o equipamento
que por hora encontra-se parado.
De
modo geral, no dia em que visitamos a USF/Usina só tinha atendendo na unidade
um técnico em enfermagem, que tem o seu trabalho limitado pela falta de insumos
essenciais.
Na
oportunidade, tivemos a chance de dialogar com duas Agentes de Saúde que
atendem o bairro, as mesmas estavam na Unidade no momento da nossa visita, as
suas senhoras, Agentes de Saúde, nos relatou a dificuldade que estão
encontrando para executarem o trabalho para o qual estão destinados. Segundo
essas profissionais, falta tudo, e ao visitar as pessoas estão demonstram
descrédito por saber que quando vai à USF não encontra médico e nem remédios. As
agentes falaram também da cobrança das pessoas do serviço de odontologia que a
Unidade do bairro deve oferecer, segundo a profissional, esta fica sem saber
responder aos moradores, pois estes têm o direito e a USF do bairro ainda não
conseguiu oferecer o serviço, embora existam os equipamentos do consultório odontológico.
Depois de obtermos todas essas
informações que nos deixam preocupados, mas ao mesmo tempo mais alerta,
encerramos a nossa missão do dia 13 de Maio.