A nova república ainda é
jovem, o texto constitucional completará 29 anos em 05 de Outubro de 2017, isso
implica dizer que as instituições democráticas, principalmente, as implantadas
depois 1988, estão em fase primária a caminho de consolidarem-se, mas ainda
longe da maturidade necessária para resistir aos golpes e ao tráfico de
influência.
Justamente por esta
característica do Estado de direito do Brasil que grupos de interesse, que não
estão comprometidos com os objetivos constitucionais, encontram fôlego para
implantarem esquemas de poder e dominação sobre o conjunto da população. Essa
característica não está restrita a esta ou aquela corrente ideológica, mesmo
porque, no Brasil, existem muitos capitalistas de esquerda e socialistas de
direita, o que nos torna ainda mais sui generis na geopolítica.
O tráfico de influência não
está restrito aos ministérios de Brasília, é uma pratica comum em todo
Território Nacional. Do mais pequeno município à grande metrópole pratica-se
crimes contra licitação e superfaturam obras públicas para que
empresários-gangsters, possam compensar, com lucro, os valores pagos aos
políticos no financiamento de campanhas e no pagamento de propinas, no entanto,
mais escandaloso que a exposição desses fatos em nível nacional é a hipocrisia
dos que ignoram essa característica nos municípios onde vivem.
Ou seja, temos um longo
caminho até avançarmos para melhores níveis de democracia e civilidade, de modo
que é necessário reconhecer as deficiências, porém jamais aceitar retrocessos,
principalmente, no que diz respeito às conquistas sociais da população
brasileira. Não podemos aceitar que, para compensar o prejuízo de trambique de
maus políticos e empresários criminosos sejam retiradas conquistas asseguradas
pela Constituição.
A narrativa da mídia
oligopolista é no sentido demonizar a política e exterminar os partidos através
do discurso generalista que não faz distinção entre o indivíduo e a instituição
a qual pertence. Disseminam a prática equivocada de alguns indivíduos como
sendo a comportamento de todos os membros de determinado partido, por exemplo. Além de produzirem conteúdos seletivos e tendenciosos e não respeitam o
contraditório.
Na perspectiva do aperfeiçoamento
das instituições de uma democracia, é imprescindível que haja reformas e
adequações que correspondam ao tempo atual, porém essa reformulação não pode atacar
as conquistas obtidas pelos cidadãos. A austeridade extrema não é solução
econômica para o Brasil e para nenhum país capitalista do Mundo,
principalmente, se significar retirada de direitos da população. Isso quem
afirma são as próprias instituições do mercado como FMI, por exemplo, que em
alguns pareceres técnicos reconhece não existir uma relação entre o aumento de
empregos e a implantação de austeridade radical.
Diante da atual conjuntura
cabe a sociedade exigir que a CF/88 seja cumprida integralmente, principalmente,
no que diz respeito ao princípio da igualdade. As pessoas precisam se organizar
para que os institutos públicos do Brasil não sejam conduzidos para satisfazer
apenas um segmento específico da sociedade. Devemos ser vigilantes para que os
governos não se distanciem da trajetória definida pelos objetivos
constitucionais da República.