Não se é líder de si mesmo, do contrário, de que valeria essa
liderança? Todos os movimentos civilizatórios desde os mais
remotos aos contemporâneos não surgiram do acaso, tiveram fundamentos iniciais
e pessoas pioneiras as quais deram o primeiro passo numa determinada corrente
de pensamento e ação.
Lideranças mais antigas influenciam os mais jovens, esses por
sua vez, dão continuidade às ideias dos que tiveram a iniciativa primeira.
Assim como a realidade não passa a existir apenas quando surgimos no mundo, os
movimentos sociais e políticos, mesmo com a renovação contínua e necessária não
deve abrir mão dos fundamentos iniciais, uma árvore não se sustenta sem raiz e
um broto sequer chega a existir nessas circunstâncias.
Numa realidade em que a democracia é de baixa intensidade a
tendência de polarização é muito maior, justamente, por esta razão qualquer
projeto político que se pretende “novo”, ignorando as origens e as lideranças
precursoras, estará fortemente sujeito ao fracasso. Nessas circunstâncias em
que se ignora a própria raiz, se fortalece os principais adversários.
A renovação política deve ocorrer antes nas ideias e
propósitos que na mudança de atores, sempre que tentarmos resetar a história
seremos surpreendidos pelos fragmentos desta que estará impregnado nos sujeitos
de diferentes idades que formam o povo. Em se tratando de um Estado de direito
em que a sua compreensão no senso comum é rarefeita, a legitimidade dos pleitos
aventureiros pode ser facilmente contestada.
Na batalha democrática e no exercício do direito político no
Brasil cujo processo de redemocratização soma apenas três décadas, compreender
o papel das lideranças e a influência que exercem sobre as pessoas deve ser a
primeira atitude de empreendimentos que se propõem a favor do interesse
coletivo a partir das possibilidades do Estado de direito.
Quando se ignora tal conjuntura coloca-se em risco o
interesse de todo um grupo de pessoas que se reúnem em torno de valores,
anseios, desejos e visão de mundo. Esse axioma se aplica a todas as Unidades da
Federação: Municípios, Estados e União e se não for levado em conta, sempre
resultará em divisão e enfraquecimento do grupo político.
Velhinhos, jovens e crianças, além dos seres humanos adultos
carregam em si, uns mais que os outros, os valores acumulados ao longo da vida,
inclusive, os relacionados ao exercício da cidadania e democracia. Por isso
mesmo, é grande a responsabilidade dos que se entremeiam no interesse púbico,
se a ambição que o motiva se limitar à satisfação da conveniência de poucos, dificilmente,
será instrumento de progresso de uma comunidade.
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