A mata ciliar impede que a erosão
arraste materiais para dentro do rio, por isso ela é tão importante para
sobrevivência de um curso d’água e até mesmos de um lago. Caso não exista a
quantidade de vegetação necessária à proteção do leito do rio e das suas nascentes,
a existência do recurso natural no futuro é incerta.
Quando não existe a mata ciliar o
rio fica sujeito a ser aterrado pela quantidade de material que é trazido pelo
vento e a chuva, esse assoreamento asfixia o corpo d’água e em algumas situações
o curso é interrompido.
A Lei Nº. 12.651/2012 que trata
do Código Florestal Brasileiro estabelece que seja garantida a existência da
Mata Ciliar em cursos d’água com extensão que varia de 30 a 500m a partir da
margem. O tamanho da faixa de mata ciliar varia com a largura do rio, quanto
mais largo, maior será a Área de Preservação Permanente – APP.
Independente de passar por
diferentes Unidades da Federação e territórios municipais, o curso de um rio
deve ser preservado desde a nascente até o seu encontro com o mar. No caso do
Rio Pardo que percorre 556 km nesse trajeto, é possível identificar os efeitos
da degradação ambiental ao longo do percurso.
São várias as situações que
prejudicam a mata ciliar do Rio Pardo: desmatamento, uso predatório dos recursos
hídricos, incêndios criminosos, entre outras causas que provocam o
assoreamento.
Entre 09 e 11 de Julho
realizou-se o 1º Encontro da Articulação Bahia – Minas Gerais na cidade de
Canavieiras – BA onde o Rio Pardo deságua no Oceano Atlântico, além da
Universidade estiveram presentes no Evento os representantes de instituições da
Sociedade Civil dos dois Estados, AMEX – Canavieiras - BA e CAA – Montes Claros
– MG.
A temática do encontro foi: “Rio
Pardo: O rio marcado para morrer” e baseou-se em documentário sobre o rio com o
mesmo título. Foi discutido o fenômeno da degradação ambiental sobre o Rio
Pardo ao longo do tempo e o impacto de empreendimentos privados na Bacia
Hidrográfica.
Para as pessoas que se reuniram
em Canavieiras – BA em Julho deste ano o Rio Pardo corre sérios riscos de
deixar de existir para as gerações futuras e, com o aprofundamento da seca em
decorrência da crise climática, até mesmo a geração atual pode começar sentir a
ausência do recurso natural, caso nada seja feito para recuperar e preservar a
Mata Ciliar do Rio Pardo.
Os participantes do 1º Encontro
Bahia – Minas Gerais condenaram com veemência o projeto da Sul-Americana de
Metais – SAM, que pretende construir mineroduto para transportar minério de
ferro da cidade de Grão Mongol – MG até a plataforma de transporte marítimo em
Ilhéus na Bahia. Os movimentos sociais acusam o projeto de colocar ainda mais
em risco a segurança hídrica da região que já é bastante fragilizada.
São muitas as ameaças que sofre o
Rio Pardo, sendo as mais graves aquelas protagonizadas pelos seres humanos. A
não preservação das condições ambientais propícias à sobrevivência do rio pode
impactar de maneira fatal na Bacia Hidrográfica, atingindo nascentes e
afluentes, o que poderia levar à extinção do curso d’água.
Se nada for feito para que os
municípios banhados pelo Rio Pardo passem a desenvolver ações de educação e
preservação ambiental em seus respectivos territórios e realizem, por exemplo,
o Plano Municipal de Saneamento Básico – PMSB, a trágica previsão sobre o rio
pode facilmente concretizar.
Após a vigência da Lei Nacional
de Saneamento os municípios passaram a ser obrigados a estabelecerem convênios
visando à prestação de serviços públicos de abastecimento de água e esgotamento
sanitário com o Estado, no caso da Bahia, com a Empresa Baiana de Águas e Saneamento – EMBASA.
O Plano Municipal de Saneamento
Básico – PMSB é requisito para a assinatura do contrato do município com a
EMBASA que também deve participar das comissões de elaboração dos Planos
Municipais.
Até 2013, somente 43 dos 364
municípios atendidos haviam alocado recursos para a elaboração do PMSB, recursos
obtidos através da FUNASA e Ministério das Cidades, e apenas 06 contratos foram
assinados, o que demonstra o grande desafio da EMBASA para perseguir a sua
missão de universalizar até 2030 o abastecimento de água e coleta de esgoto nos
municípios atendidos.
São muitos os desafios para
preservar a Bacia Hidrográfica do Rio Pardo que corresponde a territórios
municipais dos Estados de Minas e Bahia, a incapacidade de gestão e a
dificuldade desses municípios elaborarem planos locais de desenvolvimento são
algumas das causas que impedem o enfrentamento racional do problema.
A situação do Rio Pardo é
extremamente grave e ações de conservação precisariam ser desenvolvidas
imediatamente, o que não está ocorrendo com a velocidade necessária para
impedir a extinção do recurso natural no longo prazo. Desse modo, governos e
sociedade precisam reunir esforços para impedir a escassez total de água.
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