Um sistema irregular não atende às necessidades em saúde da
população, pois não funciona adequadamente, impedindo que os princípios
preconizados no Sistema Único de Saúde – SUS sejam implementados no Território
Municipal.
Os únicos que tiram proveito do funcionamento irregular dos
serviços de saúde no município são os maus políticos, que, na maioria das
vezes, entraram na política praticando o assistencialismo, principalmente, no
setor de saúde mantendo o funcionamento precário e gerando a dependência do
cidadão aos seus favores, essa é a estratégia de perpetuação no poder de alguns
políticos locais.
É importante que todo o cidadão conheça as informações acerca
da saúde pública local para quando for surpreendido com os problemas
decorrentes do funcionamento irregular, possa atribuir a devida responsabilidade
aos agentes do Estado não generalizando e transferindo a culpa a outras esferas
da União que não seja o município.
O controle social foi
determinante para a identificação das irregularidades do SUS Municipal, através
da participação direta nas conferências de saúde que ocorreram em 2015, foi
possível ouvir a opinião das pessoas que fazem a saúde do município: trabalhadores
e gestores de saúde, e, principalmente, as pessoas que utilizam os serviços
representados ali pelos usuários participantes e pelo conselho municipal de
saúde.
A legislação do país orienta que
o SUS deve funcionar de maneira integral e universalizada, e no aspecto da
gestão, esta deve ocorrer de maneira descentralizada segundo o que estabelece o
Art. 194 da Constituição Federal, sendo o Território Municipal o principal
espaço de garantia do direito à saúde.
A Lei brasileira que regulamenta
o direito à saúde, Lei 8.080 de 1990 estabelece diretrizes e fundamentos pelos
quais devem ser conduzidos os serviços de saúde no Território Nacional, a Lei
determina que os recursos públicos transferidos à saúde devam ser aplicados
através do uso racionalizado dos Instrumentos de Gestão do SUS.
O gestor municipal é o principal
responsável por assegurar os serviços de saúde aos munícipes sem interrupção e
de maneira integral, devendo o cidadão ter as suas necessidades em saúde
garantidas nos três níveis de atenção: Baixa, Média e Alta Complexidade, o
gestor municipal deve construir pactuações que viabilizem o atendimento
completo das pessoas.
Os aspectos gerais da saúde
municipal denunciam a grave deficiência: falta de saneamento, controle social
fraco, falta de transparência na gestão, risco de infecção na Unidade
Hospitalar, falta de UTI e sub-notificações, são algumas das características do
SUS Municipal de Cândido Sales – BA.
Equipes incompletas nas Unidades
Básicas de Saúde – UBS, a falta de educação para a saúde e o clientelismo com
os recursos públicos só confirmam as denuncias encaminhadas ao Ministério
Público do Estado da Bahia de que o SUS Municipal está funcionando de maneira
irregular em Cândido Sales.
O município também apresenta
dificuldade em entregar as Unidades Básicas de Saúde – UBS, financiadas pelo
Governo Federal através do Fundo Nacional de Saúde – FNS, por meio do Bloco
Financeiro de Investimentos, e, embora o recurso já tenha sido repassado,
integralmente as UBS estão atrasadas em mais de um ano.
Outro aspecto que assegura que os
recursos transferidos ao município de Cândido Sales para o setor de saúde não
estão sendo aplicados corretamente, é que o município não utiliza adequadamente
os Instrumentos de Gestão do SUS,
que são determinantes para o alcance das metas da saúde local e para que a
comunidade exerça o controle social.
O Plano Municipal de Saúde que deveria orientar as ações do poder
público local no setor de 2013 e 2016, embora tenha sido solicitado ao
município desde novembro de 2015, não foi apresentado à sociedade, o que
fortalece a suspeita de que, assim como a conferência, que deveria ter
acontecido em 2013 e não ocorreu, o município vêm funcionando sem o Plano contrariando
o que estabelece a legislação.
O Relatório Anual de Gestão, por sua vez, é considerado como
principal mecanismo para que o cidadão compreenda como os recursos estão sendo
aplicados. O relatório é feito anualmente e baseia-se no Quadro de Metas e no
Plano Municipal da Saúde, o documento serve para o gestor prestar contas à
sociedade e deve atestar a probidade do mesmo.
O município de Cândido Sales não demonstra
compreender a importância do Relatório Anual para o aperfeiçoamento do sistema
local de saúde, o documento, que deve ser aprovado pelo Conselho Municipal de
Saúde serve para orientar na elaboração da Agenda
de Saúde do ano seguinte, desse modo, ao constatar que os mecanismos de
gestão não estão funcionando como orienta a Lei 8.080 de 1990, podemos atestar
a irregularidade no SUS local.
As informações públicas geradas
pelo município nos últimos anos denunciam o funcionamento irregular do sistema
de saúde da cidade, inclusive, a informação referente aos repasses que são
feitos aos diversos Blocos Financeiros do SUS Municipal por meio da
transferência fundo a fundo que indicam que o município recebeu R$
13.758.539,61 entre 2013 e 2016.
Todos os blocos financeiros do
SUS Municipal de Cândido Sales receberam recursos do Fundo Nacional de Saúde –
FNS nos últimos três anos, exceto o Bloco
Financeiro Gestão do SUS, que não recebeu sequer o um real de investimento
no período, o que evidencia que o município não possui programas de
aperfeiçoamento da gestão do sistema local de saúde.
A falta de transparência da
gestão municipal quanto aos instrumentos de gestão do SUS, impede a sociedade
de conhecer como a política de saúde está sendo conduzida no âmbito da cidade,
nem mesmo os conselheiros municipais de saúde demonstra conhecimento acerca do
conteúdo do Plano Municipal de Saúde (2013-2016), o que é muito grave, pois não
se tem às garantias de que o direito à saúde dos cândido-salenses está sendo assegurado.
Reflexo da falta de transparência
e deficiência na gestão do SUS Municipal é a epidemia de dengue, pela qual o
município passa pelo 3º ano consecutivo, o que evidencia que os serviços da
Vigilância em Saúde não estão devidamente organizados como orienta a Lei 8.080
de 1990 e, demonstra a negligência do governo municipal quanto à saúde da
população.
O fato de o SUS Municipal
funcionar de maneira irregular, sem se orientar pelos instrumentos de gestão,
além de refletir imediatamente na qualidade do serviço oferecido à população,
limita a capacidade de o município realizar pactuações no sentido de assegurar
a integralidade que a lei determina, deixando de possibilitar serviços nas
diversas especialidades de saúde aos usuários do sistema local.
Vale repetir que não é por falta
de normatização e leis que o SUS Municipal não funciona adequadamente, haja
vista o Art. 194 da Constituição e as Leis que 8.080 e 8.142 ambas de 1990, ou
seja, a legislação brasileira fornece instrumentos institucionais para que os
municípios conduzam e planejem a aplicação dos recursos repassados.
A manutenção do funcionamento
irregular do SUS no município só pode interessar às pessoas que não têm boa
intenção com a coletividade, pois direitos são sacrificados devido aos agentes
públicos não serem capazes de conduzir a política pública de saúde como orienta
as Leis do país. Os indivíduos assistencialistas que estão inseridos na
política, não querem aceitar que os brasileiros possuem direitos, pois querem
continuar dando esmola com a mão do Estado.
As propostas aprovadas durante a VI Conferência Municipal de Saúde no
município de Cândido Sales–BA em Junho 2015, quarenta e três ao todo, é verdadeira
denúncia do funcionamento irregular do SUS Municipal, de modo que são muitas as
evidências e documentos oficiais que atestam que o serviços de saúde oferecidos
no município não estão funcionando como preconiza a Lei, o que aumenta
significativamente os riscos de o cidadão não ter a sua necessidade em saúde
atendida.
Outro aspecto que contribui para
que os serviços de saúde não funcionem como orienta a Lei em Cândido Sales é a
atuação acanhada do Conselho Municipal
de Saúde, que exerce um controle social fraco e limita a fiscalização e
acesso aos documentos às reuniões ordinárias que acontecem uma vez por mês na
secretaria municipal de saúde.
Essa dificuldade do conselho de
saúde exercer o controle com a independência que a Lei determina em Cândido
Sales – BA, além das questões de infraestrutura, se deve, em grande parte, ao
fato de o conselho municipal ter como presidente o próprio gestor da pasta no
município, num contexto em que o secretário de saúde tem a condição de
fiscalizar a si mesmo e aprovar os seus próprios relatórios e contas.
Outro aspecto deprimente no que
se refere ao funcionamento dos serviços de saúde do município é o papel que
exercem os vereadores, que ao invés de denunciarem e corrigir as
irregularidades identificadas nas conferências de saúde, fazem vista grossa
para os problemas, parecem estarem no grupo dos que se beneficiam com o
funcionamento irregular da política pública no município.
A fiscalização que deveria
existir da parte dos vereadores do município, praticamente, não acontece e,
muitos deles, preferem que a população se humilhe para a obtenção de um serviço
de saúde que deveria ser oferecido regularmente pelo SUS Municipal. Muitos
vereadores ao invés de cumprirem a obrigação constitucional de garantir que o
direito das pessoas seja assegurado, fazem barganha com a necessidade das
pessoas.
Os maus políticos têm dificuldade
de compreender que hoje as pessoas possuem direito à saúde, e que este deve ser
assegurado, eles não entendem que as pessoas não querem continuar recebendo os
serviços públicos, pagos com impostos, como se fossem favores.
De modo geral, a comunidade não
tem nenhuma vantagem aceitando o funcionamento irregular do SUS Municipal, e ao
permitir que os recursos sejam aplicados sem se orientar pelos instrumentos de gestão,
não pode esperar que o funcionamento do sistema local atenda as suas
expectativas no que diz respeito à quantidade e qualidade dos serviços.
Equipes incompletas nas Unidades
Básicas de Saúde – UBS, a falta de educação para a saúde e o clientelismo com
os recursos públicos só confirmam as denuncias encaminhadas ao Ministério
Público do Estado da Bahia de que o SUS Municipal está funcionando de maneira
irregular em Cândido Sales.
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