Passados 52 anos do início de um
período sombrio de ditadura civil-militar no Brasil, onde o republicanismo foi
interrompido por setores conservadores da nossa sociedade, é preciso reconhecer
que há muito a ser feito para que o nosso país cumpra a sua vocação de nação
democrática, afinal, estamos em construção.
É inegável que houve avanços na
sociedade brasileira ao longo desse tempo, principalmente, após o advento da
Constituição de 1988 que já tem 27 anos e meio de vigência. Quando a liberdade
democrática foi interrompida no Brasil em 1964 as injustiças sociais eram ainda
mais agudas, pois só tinha passado 76 anos que princesa Isabel havia assinado a
Lei Imperial n.º 3.352 de 13 de Maio de 1888, até então, o nosso país era o
único a permitir a escravidão no continente americano.
Pela característica do processo
de formação da sociedade brasileira, marcado pela injustiça e desigualdade, é
impensável suscitar retrocessos no século XXI, após rompermos minimamente na
superação das injustiças sociais e econômicas do Brasil graças à Constituição
de 1988, onde garantias fundamentais e Direitos Humanos são assegurados. Os
propósitos da Nova República devem ser mantidos, pois ainda existe muito a ser
feito.
Nesses quase trinta anos de
redemocratização a sociedade brasileira obteve algumas conquistas como o
direito de escolher através do voto direto os representantes para os cargos públicos
de presidente da república, governadores, senadores, deputados, prefeitos e vereadores,
além das garantias fundamentais no texto da constituição, que é o principal
instrumento no ordenamento jurídico do país, de modo que, independente de
controvérsias de cunho político, os princípios da constituição vigente devem
ser assegurados.
A liberdade de expressão voltou a
ser assegurada no Brasil com o advento da Constituição de 1988, as pessoas
passaram a poder comunicar as suas idéias sem nenhum tipo de censura, desde que
respeitada às normas de civilidade e decência, ao passo que temos o direito de
nos expressar livremente não gozamos de uma educação pública capaz de formar
sujeitos conscientes da realidade democrática e das possibilidades do Estado de
direito.
Por esta característica, o Estado
brasileiro deveria estabelecer critérios e regulamentos para impedir que
pessoas e grupos mal intencionados tenham à disposição a concessão pública para
difundirem informações sem compromisso com a ética e a verdade, ignorando as
garantias individuais dos que são considerados adversários políticos.
O fato de alguns veículos de
comunicação fazerem política partidária disfarçada de noticiário sem estarem
registradas na Justiça Eleitoral, confundindo ainda mais a cabeça de uma
comunidade marcada pela injustiça e a discriminação, demonstra a necessidade de
que sejam estabelecidos critérios consonantes com os princípios da CF/1988 para
que as concessões públicas de rádio e TV não sejam utilizadas de maneira
indevida.
A maneira como a imprensa do
Brasil cobre os atos e fatos da administração pública é bastante superficial e
politiqueira, não contribuindo para o fortalecimento do Estado de direito, a
nossa imprensa age sem conhecer o texto constitucional, transferindo a responsabilidade
pelo futuro do país apenas aos políticos.
Característica fundamental da
nossa Carta Magna, a participação da sociedade nas decisões do Estado de
direito sequer é noticiada pela imprensa brasileira, por exemplo, os
telejornais mostram as filas no Sistema Único de Saúde – SUS e os hospitais
públicos lotados, no entanto, nunca chamou à responsabilidade aos conselhos
municipais de saúde, que autorizam o gasto dos recursos da saúde no Território
Municipal.
A maioria dos comunicadores de grupos
privados prefere repetir o mantra da mediocridade, contentando-se com os
espólios da guerra cotidiana na qual submetem a nação brasileira, que promover
uma interferência a favor da civilidade e do fortalecimento do Estado
democrático de direito, preferem difundir o pessimismo, ignorando as
possibilidades das nossas instituições que fazer um debate transparente que
exponha as reais causas do não desenvolvimento da sociedade brasileira que é o
fraco controle social e a pouca participação das pessoas.
Da rádio comunitária aos grandes
grupos de mídia, todos os meios de comunicação no Brasil devem respeitar a
legislação vigente, a sociedade não deve tolerar o desrespeito aos direitos
humanos através do uso irrefletido da liberdade de expressão, principalmente,
da parte dos veículos de comunicação de natureza pública, como é o caso das
concessões dadas às rádios comunitárias no Brasil.
O bom-senso é o melhor mecanismo
para o controle e direcionamento da liberdade de expressão, desse modo, é
necessário que os comunicadores tenham consciência de que no Brasil todos são
iguais perante a Lei e após isso, ao desrespeitarem os princípios da legislação
essas pessoas devem ser responsabilizadas criminalmente.
Não faz sentido permitir o uso
indiscriminado dos veículos de comunicação concessionários do Estado de direto para
a satisfação de interesses que não são os da coletividade em um país com sérias
deficiências na capacidade de discernir, onde em municípios pobres o
personalismo toma conta dos recursos que deveriam atender a comunidade.
Outro aspecto deplorável dos que
fazem uso da liberdade de expressão sem nível algum de responsabilidade, são os
chamados sensacionalistas que se alimentam do caos e da agonia da população,
essa modalidade de comunicador, planta a desordem, justificando-se indignado
com a falta de ordem e progresso no Brasil.
Essa modalidade de comunicador
hipócrita, geralmente, demoniza o principal instrumento para o aperfeiçoamento
do Estado que é a política, os comunicadores irresponsáveis retratam a política
de forma pejorativa e transmitem uma imagem contaminada acerca das
possibilidades do Estado de direito.
Enfim,
não podemos dar créditos aos que criminalizam a política de maneira
generalizada, pois tal comportamento é anárquico e incompatível com a regra
democrática, COMUNICADORES HIPÓCRITAS que demonizam os políticos em seus
veículos de comunicação e sustentam conchavos com esses mesmos políticos nos
bastidores não merecem nosso crédito.
Devemos
ter cuidado com a armadilha dos que querem passar a ideia de que a política é um
instrumento falido no Brasil, sem levar em conta que a redemocratização ainda está em curso em nosso
país, não podemos aceitar discursos fatalistas daqueles que compactuam com
sistemas políticos nocivos e que omitem as informações da sociedade, não
podemos ouvir os gritos dos que nos chamam de SAFADOS por não sermos capazes de
escolher bem o nosso representante, quando este, ao mesmo tempo, compartilha do
pão sujo da corrupção.
É preciso continuar resistindo para que o estigma da
subserviência à casa grande não interfira no processo emancipatório do Brasil,
é necessário que continuemos a cobrar que os Objetivos da Constituição de 1988
sejam postos em prática, pois ainda existe muito a ser feito nesse processo de
construção da República Federativa do Brasil, a pátria do cruzeiro.
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