A maneira como se comporta os políticos locais impede o
desenvolvimento da cidade, o banditismo político é uma prática comum na região
e se caracteriza pelos reiterados atos de corrupção praticados por gestores
públicos que, após serem condenados por crimes contra a ordem jurídica do país
persistem como lideranças fortes.
O isolamento da região em relação ao restante do país e o
descaso das autoridades constituídas com a população nordestina, ainda são
razões que favorecem, desde o final do século XIX, ao surgimento desse
fenômeno, onde se aceita a maneira de se comportar própria de bandidos da parte
dos que deveriam representar o povo.
O banditismo promovido pelos cangaceiros da segunda metade do
século dezenove, também tinha no isolamento da região do semiárido nordestino
uma das suas razões de existir, no banditismo atual promovido pelos maus
políticos, o comportamento contraversivo não é para justificar a subjugação do
povo perante o Estado, ao contrário, o banditismo político se sustenta,
justamente, atravessando os direitos da população mantendo-a escrava de
favores.
Segundo a lenda inglesa Robin Hood roubava dos ricos para dar
aos pobres, de modo que justificava a sua contraversão como resposta ao descaso
dos monarcas da época com as classes menos privilegiadas, não é o que acontece
em nossa região, os bandidos da política que roubam da maioria dos pobres para
privilegiar uma minoria de também pobres, que querem enriquecer através dos
recursos públicos advindos dos impostos que todos pagam.
O banditismo na política é extremamente prejudicial ao
desenvolvimento local, pois ataca a institucionalidade e os instrumentos do
Estado de direito que deveriam funcionar seguindo o rito estabelecido em
legislação específica e na Constituição brasileira, são conduzidos ao modo dos
que querem tirar proveito dos recursos públicos, sem se preocuparem com
controle e resultados, condenando significativa parcela da população brasileira
à falta de perspectiva.
Ao minar as possibilidades das instituições locais as impedindo
de ter o potencial devidamente utilizado, os maus políticos colocam-se contra o
desenvolvimento local. Os que entendem que vale tudo para permanecerem no poder
viabilizando seus próprios interesses, a qualquer custo, ao invés de pensar o
desenvolvimento do lugar no médio e longo prazo, praticam uma política
criminosa.
São muitos os institutos legais que se fossem respeitados no
município a população não amargaria tanta decepção e dificuldades, a começar
pelas Leis Orçamentárias, pré-requisito para o funcionamento da gestão pública
no Brasil, que tem como objetivo planejar os gastos do governo nas diversas
áreas ao longo de quatro anos que nunca coincide com o mandato de um mesmo
gestor, ou seja, geralmente, um prefeito, por exemplo, inicia o seu governo no
último ano de vigência do Plano Plurianual - PPA.
Os vereadores que utilizam o cargo para barganharem
interesses menores junto ao executivo, geralmente, não acompanham a execução do
Orçamento Municipal, esses praticam o banditismo político ao se omitirem diante
da função que estão ocupando no Estado, em que deveriam, por obrigação
constitucional, fiscalizar as ações do executivo. Desse modo, mesmo que o PPA
do município esteja elaborado dentro dos fundamentos mais atualizados da Lei,
respeitando a perspectiva da sustentabilidade e da qualidade de vida, não
valerá nada se não for posto em prática pelos gestores e fiscalizado pelos
vereadores municipais.
Nos Territórios Municipais onde a política é praticada à
margem da CF/1988, e que analfabetos políticos lideram grupos de pessoas que
são arrebanhadas pelos favores, onde os cidadãos sem esclarecimento e com muita
necessidade são submetidos a uma situação em que a única perspectiva que
encontram diante da dificuldade é a de se humilhar na porta de políticos, que
mantém o funcionamento irregular das coisas na cidade para ter as pessoas nas
mãos.
Nessas realidades ainda existentes no vasto Território
Nacional marcado pela diversidade e o processo injusto de formação da sociedade
brasileira, a gestão das políticas públicas não ocorre como estabelecido na Lei
Ordinária a qual esteja vinculada e os instrumentos que servem para gerir e
medirem a eficiência do recurso investido em determinada área pública, nessas
situações, onde o mau político é protagonista são encarados como mera
burocracia.
Geralmente o banditismo na política é praticado nos
municípios que estão longe das regiões desenvolvidas do país e que possuem
perfil socioeconômico de desigualdade e pobreza que denunciam grande
vulnerabilidade social da população, nesses ambientes, em que o município não
possui renda própria e depende exclusivamente das transferências
constitucionais para a sobrevivência das pessoas é que os maus políticos agem
livremente.
Até mesmo os recursos públicos advindos do Governo Federal
por meio dos diversos Ministérios e Órgãos da União através de convênios, nos
contextos sociais onde o sacrifício da legalidade é a regra dominante, não são
administrados de modo a garantir que os objetos conveniados sejam executados nos
prazos estabelecidos em contrato.
São muitos os fundamentos legais que orientam quanto ao
exercício da vida em sociedade no Brasil, dentre eles a Constituição Federal,
passando pela Lei Orgânica Municipal indo ao Estatuto da Cidade e demais Leis
Federais que regulamentam o funcionamento do Estado de direito, no entanto,
onde o banditismo político é aceito com naturalidade toda essa
institucionalidade é omitida e negligenciada pelos próprios agentes do Estado.
Caso almejemos o desenvolvimento humano na região nos
próximos anos é preciso que não aceitemos que os políticos locais continuem
comportando como bandidos frente às possibilidades oferecidas pelos recursos
públicos advindos dos impostos de toda a população. É necessário mandar uma
mensagem clara ao que fazem da política uma prática criminosa: temos direitos e
não precisamos de favores.
Somente com a participação mais efetiva da sociedade o
banditismo na política perderá espaço e ficará cada vez mais fraco, ou seja, à
medida que todos exercerem o controle social, obrigação constitucional do
cidadão brasileiro, os governos passarão a cumprir a Lei, dentre elas a Lei de
Acesso à Informação – LAI, que coloca à disposição das pessoas interessadas
todas as informações públicas geradas.
Num contexto onde as pessoas exercem a participação no Estado
de direito e que os Conselhos Municipais funcionam como orienta a legislação
vigente, os serviços públicos acontecem normalmente e a atuação dos que fazem da
política uma atividade criminosa é mais dificultada, pois direitos essenciais
são garantidos sem assistencialismo.
A maneira mais eficiente do cidadão comum contribuir para a
eliminação do banditismo político nas cidades pobres do interior do Brasil é
denunciando as irregularidades e, principalmente, fazendo boas escolhas no
momento de votar, é fundamental que o eleitor não venda o voto e que não aceite
favores de políticos, ao contrário exijam direitos.
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