Quando o cidadão não dispõe de
plena consciência acerca do papel que deve exercer no Estado de direito não
participa com a intensidade necessária para uma melhor qualidade da política
como direito de pessoas livres. Os maus representantes refletem apenas a falta
de critério dos eleitores ao escolherem.
Diante de um ataque aos direitos
dos cidadãos brasileiros, onde a maioria dos congressistas apóia medidas de
austeridade radical que representam a desconstituição do Estado de direito do
Brasil, se houvesse consciência política a população saberia se defender. Esses
representantes fabricados por grupos corporativos se valem principalmente da
ausência de consciência do conjunto da sociedade.
Esse fenômeno é danoso para a
democracia e os que tiram proveito dessa fragilidade para imporem agendas em
desacordo com os Objetivos da Constituição de 1988, devem ser julgados pelo
crime de lesa pátria, pois estão colocando em risco o projeto de país
estabelecido no principal texto da República.
É necessário combater as causas
da má política que geram uma representatividade fraca e medíocre, e para isso é
necessário que a sociedade brasileira se reencontre com valores fundamentais a
uma nação como solidariedade, justiça e respeito ao próximo. Tais elementos
basilares vêm sendo triturados pelos conceitos impostos pela cultura dominante.
O velho jargão de que o povo tem
o governo que merece até o momento não falhou, e enquanto se tiver a democracia
como modelo de governo essa máxima vai prevalecer, cabe ao povo mostrar que
merece melhores governantes, e essa demonstração se dará quando os brasileiros
tiverem consciência do poder transformador do voto.
A pouca consciência política da
sociedade brasileira tem possibilitado o avanço de medidas que desconstituem
direitos e que empurram o país para uma crise institucional sem precedentes,
pois enquanto o gigante permanece deitado esperando que o homem de toga o
salve, os fundamentos da Constituição que asseguram minimamente o estado de
bem-estar estão sendo aviltados pelos que não querem compartilhar o Brasil.
Demonizar a política sem ao menos
compreender o seu significado no Estado de direito é uma grande estupidez, um
verdadeiro tiro no pé, pois ao fazer isso estamos lançando fora ferramenta
imprescindível para o desenvolvimento humano em qualquer lugar do mundo. Os
meios de comunicação que estimulam esse comportamento nos brasileiros,
certamente, não estão comprometidos com a regra do jogo democrático.
A única maneira em que a repulsa
à classe política faria sentido na democracia, seria quando o comportamento dos
representantes se distinguisse ao dos representados, o que não é o caso do
Brasil.
No Estado democrático de direito a
população é que define quais as prioridades e quais indivíduos devem estar à
frente da missão de concretizar os objetivos comuns da sociedade. Desse modo,
não é possível o eleitor fugir da responsabilidade no que diz respeito à
capacidade de servir dos seus políticos. É por eleger sem refletir que os
brasileiros se tornam vítimas fáceis dos maus políticos.
A consciência política que o
brasileiro deve possuir não está relacionada somente aos partidos políticos ou a
ideologia A, B ou C, na verdade o brasileiro precisa conscientizar-se acerca do
significado de ser igual em direitos e responsabilidade no Estado. Precisa
compreender o texto constitucional da República e tê-lo como guia das suas
ações no exercício da liberdade.
Enquanto terceirizar a sua
responsabilidade diante do Estado de direito, ignorando a necessidade de
participação direta, o cidadão brasileiro não avançará no que diz respeito à
melhoria da qualidade dos políticos, pois isso impede a sintonia entre a ação
do representante e a expectativa dos representados que acabam conformando com
qualquer coisa.
A fragilidade da consciência
política dos brasileiros é o que permite o funcionamento anormal das
instituições do Estado como o desalinhamento entre os três poderes da República
cuja harmonia é imprescindível para garantir que o texto constitucional seja
executado.
O predomínio de pautas
corporativistas e partidárias nas instituições do Estado ocorre porque a massa
não é consciente do real papel de cada instituição e aceita qualquer tipo de
resposta como a única resposta, possibilitando o protagonismo personalista em
instituições que deveriam atuar com isenção e imparcialidade.
É a falta de compreensão acerca
do processo de formação da sociedade brasileira que possibilita a viabilidade
de projetos políticos nocivos ao conjunto da sociedade, onde a incorporação de
modismo judicial, por exemplo, abre espaço para a insegurança jurídica a partir
do momento que se aplica metodologias de outros países na realidade brasileira.
A qualidade atual da política
brasileira é que a torna execrável e a responsabilidade é da sociedade que
ainda não foi capaz de assumir o papel que deve exercer no Estado de direito,
escolhendo e participando com consciência. Ao se eximir da responsabilidade o
cidadão acaba contribuindo, inconscientemente, com os carrascos dos próprios
direitos.
O juiz Sergio Moro afirma
reiteradamente a importância da MÍDIA no papel de condenar políticos, o magistrado
já chegou afirmar que o vazamento de informações sigilosas sobre investigados é
importante, pois condena os políticos antes mesmo de serem julgados.
No entanto, a tese do juiz de
Curitiba ignora a característica estrutural do sistema de mídia nacional em que
o monopólio dos meios de comunicação por grupos e famílias reflete na qualidade
do conteúdo produzindo, pois a narrativa gerada para a incauta opinião pública
ocorre sempre sob a perspectiva de quem acusa e atendendo a propósitos
políticos.
As peças de ficção produzidas por
grupos dominantes de mídia que são abastecidos pela ilegalidade de setores do
judiciário e ministério público onde o corporativismo fala em nome das
instituições, estão colocando a República em pandemônio, pois não respeitam o
direito ao contraditório e a lógica imposta pelo devido processo legal.
Desse modo, uma sociedade sem
consciência acerca dos próprios direitos estará sempre vulnerável às artimanhas
golpistas de grupos específicos que não estão comprometidos em cumprir os
Objetivos da Constituição do país.
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