Os brasileiros não devem ser
punidos em decorrência do perfil demográfico do país, o Brasil precisa de
muitas reformas estruturantes, inclusive na previdência pública, mas essa
necessidade não deve ser pretexto para desconstituir direitos.
Grupos de interesse estão sendo
oportunistas ao pressionar o Estado de direito com as métricas do mercado
financeiro. O déficit de qualquer conta pública não deve justificar o
aniquilamento e retrocesso de garantias fundamentais consolidadas na
Constituição.
Principalmente em momento de
crise econômica quando a arrecadação diminui pressionando o equilíbrio fiscal
de todos os países capitalistas, nenhum país deve sacrificar os direitos e
garantias dos seus cidadãos para assegurar o nível de rendimento exigido pelo
mercado.
O projeto em tramitação no
congresso brasileiro deforma e aniquila o estado de bem estar social do Brasil
na tentativa de corresponder aos anseios dos investidores internacionais para
os quais a equipe econômica do atual governo trabalha incessantemente.
O Brasil é uma economia de
mercado, logo, precisa em grau moderado se adequar a agenda internacional, no
entanto, o país jamais dever sacrificar os Objetivos da Constituição da República para agradar indivíduos que não estão
comprometidos com o desenvolvimento humano dos países de onde extraem lucros
exorbitantes com agiotagem.
Tanto é que, nas últimas eleições
presidenciais, a maioria da população sempre fez questão demonstrar que está
alinhada aos que, tradicionalmente, transformam garantias constitucionais em
políticas públicas que atacam de frente a pobreza e a desigualdade, elementos a
serem debelados pelo Estado brasileiro segundo a Constituição de 1988.
Acabar com garantias sociais a
pretexto de cobrir déficits sem antes fazer auditoria da divida pública e
cobrar dos que devem ao Estado, principalmente, das empresas numa realidade
onde os trabalhadores pobres são os que mais contribuem com impostos é uma atitude
apátrida e desrespeitosa que jamais ocorreria dentro da normalidade
democrática.
O protagonismo irrestrito da elite
financeira e do corporativismo no processo de deformação do Estado de direito
do Brasil, demonstra o quanto a austeridade radical imposta ao país é ilegítima,
isso num contexto em que a sociedade civil e as entidades de classe estão sendo
ignoradas pelo questionável presidente da República.
O presidente Michel Temer é
questionável em diversos aspectos, desde os meios utilizados para a sua ascensão
ao maior posto da República, passando pela postura incoerente que têm com a
proposta de governo que o elegeu na condição de vice, figurando-se como vil
traidor dos que foram às urnas em 2014 acreditando estarem fazendo a melhor
escolha.
Atacar os direitos da população
através de golpe e conspiração é promover, irresponsavelmente, a ruptura da
estabilidade democrática e da paz no Brasil, é um convite à desobediência civil
e ao caos. Drenar o Estado de direito tendo como principal instrumento um ocupante
ilegítimo de cargo público só reforça os argumentos dos revoltosos.
Jamais o presidente de um país
democrático deveria se posicionar como robô do sistema financeiro internacional
submetendo sacrifícios à população do país com base nos questionáveis
indicadores das agências de rating, instituições privadas a serviço do capital
especulativo, que também não estão comprometidas com o desenvolvimento humano.
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