A democracia e política
brasileiras terão que evoluir bastante e rápido para corresponder aos anseios
de uma nação que pretende, ainda neste século, compor o grupo das principais
nações democráticas do globo. Para fazer parte deste seleto grupo de nações não
basta apenas ser uma potência econômica, é necessário ser também, um ambiente
de justiça, paz e igualdade, de modo que temos muito que fazer. Se partirmos,
por exemplo, do aspecto em que o nosso país é apontado pela ONU como a 4ª nação
mais desigual da América Latina, sendo este resultado considerado um avanço,
pois ocupávamos até pouco tem o 2º lugar neste mesmo ranking. Para sermos uma
nação menos desigual será fundamental consolidarmos a nossa Constituição,
banalizar o conhecimento da Lei, termos oportunidade e simultaneamente gerar
oportunidades para os que nos cerca, somente assim avançaremos rumo a um país
democrático.
Para se ter uma idéia do desafio do país para
consolidar a democracia em todo território nacional, basta observamos o caso de
nossa cidade Cândido Sales, testemunhamos diariamente os efeitos do coronelismo
e da pouca percepção à cerca dos direitos e garantias individuais que nos
sugere a Constituição Federal. Às vezes aceitamos a idéia que nos querem
incutir, de que não temos direito, e que devemos ficar submetido a sistemas
políticos personalistas, no momento que aceitamos esta condição, perdendo a
crença nas instituições e em nós mesmos, entregamos de bandeja o nosso futuro
nas mãos de pessoas que não possuem condições para gerir os recursos do povo. A
não aceitação deste modelo inviável deve partir inicialmente das pessoas
esclarecidas que não possuem razão em matéria de esclarecimento para estarem
submetidos às regras dos desinformados. Um município onde não há administração
profissional dos recursos públicos, não se aplica com base nos indicadores e a
prática do empreguismo é comum, naturalmente não conseguirá corresponder aos
anseios e demandas que a sociedade vai apresentando ao longo da sua existência.
Nesta fase atual do nosso município, em pleno século XXI, o controle social não
ocorre no território municipal da maneira que deveria, a apatia dos Conselhos
Municipais reflete a pouca percepção da coletividade quanto a viver em uma
civilização democrática. Outros fatores como o fato da cidade possuir 73% da
sua população abaixo da linha de pobreza, o desemprego ser muito acima dos 50%,
alto endividamento e ausência de infraestrutura é o cenário perfeito para as
pessoas mal intencionadas exercerem poder e dominação sobre os mais fracos,
através da satisfação de necessidades básicas e essenciais.
DESIGUALDADE
REGIONAL
O Brasil possui um
importante patrimônio que em muitas circunstâncias se torna elemento oneroso
nessa busca pela consolidação da sociedade democrática. A desigualdade e
diversidade deste país às vezes (quase sempre) dificultam a consolidação de
políticas públicas de Estado que seriam fundamentais para termos um crescimento
homogêneo. Segundo alguns pesquisadores em estudos recentes, não há só um
Brasil, existem vários Brasis. Se imaginarmos uma linha que corte o país
horizontalmente, justamente na capital mineira Belo Horizonte, perceberemos que
de BH para cima é o padrão Norte/Nordeste e de BH para baixo segue o padrão
Sul/Sudeste. Como assim padrão? Que dizer que os indicadores como IDH,
Escolaridade, GINE, economia, saúde e outros das cidades brasileiras que
possuem os seus territórios municipais de Belo Horizonte para baixo são superiores
e mais favoráveis que os municípios ao Norte desta capital.
NORDESTE
BRASILEIRO
A região Nordeste do Brasil
mesmo sendo a porta de entrada dos nossos “descobridores” foi a mais
prejudicada ao longo da formação econômica e social do país. No tempo em que o
Nordeste era o expoente econômico brasileiro por meio da cana-de-açúcar, a base
de sustentação era a mão-de-obra escrava que perdurou no país até o final do
século XIX. Quando a cana-de-açúcar deixou de ser o carro chefe da economia
brasileira, automaticamente o nordeste perdeu o espaço de protagonismo, deixando
como herança maldita o coronelismo. O semiárido é um elemento a mais na luta
pela sobrevivência na região nordeste, a base da sociedade é remanescente de um
sistema senhorial que embora as estruturas sociais e legais tenham sofrido uma
importante transformação, assegurando Direitos Humanos e liberdade democrática,
muitos de nós apegamos às superestruturas impostas pelo determinismo, falta de
compromisso político para o desenvolvimento social da região, economia
incipiente e empreguismo nos serviços públicos. Essas amarras dificultam os brasileiros
do nordeste de atingir a liberdade democrática de que precisa.
POLÍTICA
NOS GROTÕES