A corrupção,
vista no Brasil como fenômeno endêmico poder ser explicada pelo próprio
processo de formação do país, num contexto em que degredados de todas as partes
do mundo digiram-se à Terra Nova, hoje somos o resultado desse processo
iniciado em 1500 da hera Cristã, onde na ânsia das conquistas e exploração
econômica das terras descobertas foram constituindo uma nação eivada pela
injustiça, no entanto, funcional. As injustiças sofridas pelos povos negros,
por exemplo, denuncia a lógica econômica que perdurou no país até o final do
século XIX, enquanto a prática do escravismo era condenada por todas as nações
civilizadas do período, o Brasil foi um dos últimos países a se libertar desta
chaga da subjugação humana, lógica perversa, onde se apóia em conceitos que uma
suposta inferioridade do outro justificaria tal exploração insana.
O Brasil corrupto
é constituído de pessoas que determinam o seu padrão de desenvolvimento nas
escolhas do dia-a-dia e, principalmente, ao eleger representantes públicos para
conduzirem as nossas instituições locais, que são necessárias para o
adiantamento civilizatório de uma comunidade. A corrupção atrelada a ganhos e
satisfações fáceis subjuga os indivíduos desanimados, de modo a desacreditarem
nas suas próprias instituições, ou seja, em si mesmo. Além de outros males e
doenças sociais advindas de um contexto onde a sociedade não reconhece a si
mesmo diante do que ela mesma criou, afinal, a realidade que temos hoje não é
produto do acaso. Deparamos com analfabetos funcionais tomados pela ganância
comandando interesses de toda uma coletividade, deputados condenados por crimes
que vão desde a lavagem de dinheiro até o uso de trabalho escravo infantil, decidindo
quais são as prioridades da Nação.
A apatia política é o principal ato de
corrupção do povo brasileiro, que se contenta com pouco, e vê dificuldade em
exigir que se cumpram direitos objetivos respaldados por uma Constituição
Nacional. Tudo começa nos municípios, onde as pessoas vivem e de onde as
pessoas fazem suas projeções para o mundo e diante do mundo. Quando negamos as
nossas instituições locais associando-as meramente aos políticos que por hora
as dirigem cometemos um grande ato de irresponsabilidade, pois estamos sendo
omissos em uma democracia participativa. Não adianta dizermos que política não
presta se não somos capazes de exercer ao menos o controle social necessário
para fazer tal juízo. A falta de nexo entre as atitudes e palavras das pessoas
que condenam a política e os políticos no Brasil, atribuindo a estes toda a
culpa da corrupção denuncia a falta de conhecimento dessas pessoas à cerca da
relação existente entre política e Estado democrático de direito, esse
distanciamento que as pessoas orgulhosamente preferem ter da política é um
grande cinismo e em muitos casos, os mesmos que falam mal, aceitam os
benefícios cedidos pelo político corrupto.
Vivemos
um tempo de rompimento desses paradigmas danosos às comunidades do mundo
inteiro, o Brasil por sua vez, e com base na legislação que dispõe não se
limitará a conceitos e práticas de alguns seguimentos ilegítimos da nossa
sociedade que contentam em “deixar tudo como está para ver como é que fica.”
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