Antes de
vermos no extermínio a solução mais racional para o enfrentamento da
problemática dos jovens em conflito com a Lei, a sociedade deveria ser capaz de
reconhecer a sua parcela de culpa na construção da realidade que temos. As
pessoas crescem em ambientes cuja falta de exemplificação e práticas para o
bem, a falta de amor, os molda em um contexto em que somente tendo algo, as
pessoas se sentem alguma coisa. Valores equivocados, carregados de clichês
disfarçados de estilo de vida, onde o propósito maior é o ganho financeiro em
escala, mesmo que seja através do sacrifício de vidas inocentes.
As
instituições públicas que devem ser instrumentos ativos na construção de uma
sociedade menos problemática, vivem emperradas por terem à frente pessoas que
são verdadeiras personificações da má fé, pessoas estas colocadas
democraticamente através do voto da população, com base na educação política
que possuímos até então, é muito conveniente vermos na redução da menoridade
penal e construções de mais presídios, os meios mais adequados para acolher
esses jovens de má inclinação no seio de nossa malfadada sociedade, ao passo
que não somos capazes de compreender a implicação dos nossos próprios atos na
constituição de tal fenômeno social. Vejamos o papel de um conselheiro,
representante da sociedade civil na gestão de determinada política pública, por
exemplo, se este não exerce com parcimônia a função delegada ao mesmo pelo
Estado democrático de direito, com que moral poderá queixar-se ao ser vitima
dos que foram vitimados primeiro.
O
enfrentamento mais adequado dessa problemática é através do princípio de
fraternidade que permeia as nossas Leis, principalmente a Constituição de 1988,
se não passarmos a encarar a justiça sob uma perspectiva que perpasse a
vingança, não seremos capazes de utilizar o potencial da nossa legislação, que
é, antes de qualquer coisa, humanística e solidária. É dada aos municípios brasileiros
a autonomia para construir e gerir o porvir, através da descentralização da
administração pública, característica que distingue a nossa democracia de
muitas outras e traz o cidadão para a posição de protagonista no contexto da
República Federativa do Brasil, as pessoas desestimuladas de assegurarem a
prevalência de tais fundamentos republicanos, devem abster-se de ocupar cargos
remunerados com impostos da população. Os desinteressados em fazer o Controle
Social de uma cidade, não podem constituir conselhos gestores de políticas
públicas, cujos assuntos deliberados são de interesse de toda população.
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