Devo
reconhecer a preocupação deste movimento sobre a insistência de lideranças
políticas em propor o desenvolvimento econômico como objeto de mágica salvadora,
sempre ressaltando o personalismo. Esse é o momento de sabermos se os políticos
atuais estão realmente dispostos a respeitar direitos alheios, haja vista que
isso, normalmente, não ocorre em nossa cidade, pois a forma como praticam a
política é medíocre e isso reflete em seus projetos de poder.
No
caso da cultura do eucalipto no município de Cândido Sales, é necessário
olharmos o retrovisor antes de mergulharmos de vez nesses aparentes milagres
econômicos, é necessário compreender que o mercado futuro é o mais arriscado,
devendo as ações, investimentos, financiamentos e empenhos feitos nesse setor
da economia no presente ser suficientemente seguros para não jogar dinheiro,
esperanças e possibilidades fora em decorrência de um foco desenvolvimentista
equivocado.
Certamente
nos 1.617,522 km² do nosso Território Municipal deva
haver espaço para a cultura do eucalipto, e a implantação de indústria do
seguimento em nossa região é algo positivo, no entanto, o município de Cândido
Sales deve compreender que a instalação de indústria desse seguimento não está
em nosso território pela nossa capacidade de fornecimento de matéria-prima. A
BR116, certamente, foi fator determinante para escolha do nosso município, mas
o fornecimento do eucalipto para tal indústria virá, principalmente dos
municípios da região que já se consolidaram no desenvolvimento dessa cultura,
como os do Norte de Minas Gerais, por exemplo.
Além disso, é necessário que reconheçamos os erros
cometidos no passado, que geraram a aniquilação de muitos projetos de
agricultura familiar no município, na expectativa de ganhos rápidos e volumosos
com a cultura do eucalipto, muitos produtores rurais passaram a cultivar a
arvore australiana até mesmo nos “rancadores” de mandioca, o que posteriormente
resultou em êxodo rural. Precisamos diversificar a nossa econômica, isso é
notório, no entanto, é necessário reconhecer a incompetência dos gestores municipais
ao longo do tempo em não consolidar a cultura da mandioca, neste que já foi o
maior produtor dessa rica cultura em todo Brasil, dizer que este aspecto não é
relevante, ao amesquinhar a importância da mandiocultura para o povo
candidosalense é não está conectado com a historicidade desta população.
A ampliação da cadeia produtiva da mandioca deveria ser o
objeto de empenho do poder público local, ao contrário, deixaram a cultura
empestear de atravessadores, que após ganharem dinheiro com a mandioca, abandonaram
a cultura e investiram no eucalipto, nos últimos 14 (quatorze) anos, não
acontece mais o Seminário Regional da Cultura da Mandioca, evento do calendário
da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, que trazia os maiores
especialistas do mundo para trocar experiência com os pequenos produtores
locais, na oportunidade eram apresentados os sub-produtos da raiz, as novas
tecnologias na alimentação animal, entre outras atividades e promoções que
fortaleciam a cultura no município. Pesquisadores do mundo dirigiam-se ao
município de Cândido Sales-BA, no intuito de realizar pesquisas, inclusive,
antropológicas sobre a cultura da mandioca em nosso território.
A cultura regional com a sua pujança chamou a atenção do
Governo Federal para investimento na cadeia produtiva da mandioca e dentre os
municípios que englobavam a região, o município de Cândido Sales era referência.
Houve investimentos vultosos do Banco do Brasil aqui na região para fomentar a
cultura da mandioca, adquiriram-se máquinas, implantou-se Unidade Industrial,
no entanto, Cândido Sales não absorveu até então, essas oportunidades. Assim
como nos diversos setores do município o planejamento ainda não ocorreu de modo
a aproveitar esse potencial municipal. Atualmente o saco de farinha de
mandioca, um dos subprodutos, chega a custar para o candidosalense R$ 150,00
(centro e cinqüenta reais), em uma cidade onde mais de 50% da população encontra-se
em situação de extrema pobreza, deduz-se o impacto desse preço na vida das
pessoas, e em muitos casos, o produto é trazido de outros municípios.
Dessa maneira, entendemos que o debate sobre o
desenvolvimento econômico municipal não deve ocorrer de maneira monocrática e
partidária, pois o impacto de tais decisões incide diretamente na vida da
população que a verdadeira detentora do poder político, vale salientar a
necessidade de P&D na cultura do eucalipto em nossa cidade, antes de
disseminá-la nas pequenas propriedades do município.
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