sexta-feira, 18 de abril de 2014

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO: UM INTERESSE DE TODOS



Devo reconhecer a preocupação deste movimento sobre a insistência de lideranças políticas em propor o desenvolvimento econômico como objeto de mágica salvadora, sempre ressaltando o personalismo. Esse é o momento de sabermos se os políticos atuais estão realmente dispostos a respeitar direitos alheios, haja vista que isso, normalmente, não ocorre em nossa cidade, pois a forma como praticam a política é medíocre e isso reflete em seus projetos de poder.
No caso da cultura do eucalipto no município de Cândido Sales, é necessário olharmos o retrovisor antes de mergulharmos de vez nesses aparentes milagres econômicos, é necessário compreender que o mercado futuro é o mais arriscado, devendo as ações, investimentos, financiamentos e empenhos feitos nesse setor da economia no presente ser suficientemente seguros para não jogar dinheiro, esperanças e possibilidades fora em decorrência de um foco desenvolvimentista equivocado.
Certamente nos 1.617,522 km²  do nosso Território Municipal deva haver espaço para a cultura do eucalipto, e a implantação de indústria do seguimento em nossa região é algo positivo, no entanto, o município de Cândido Sales deve compreender que a instalação de indústria desse seguimento não está em nosso território pela nossa capacidade de fornecimento de matéria-prima. A BR116, certamente, foi fator determinante para escolha do nosso município, mas o fornecimento do eucalipto para tal indústria virá, principalmente dos municípios da região que já se consolidaram no desenvolvimento dessa cultura, como os do Norte de Minas Gerais, por exemplo.
            Além disso, é necessário que reconheçamos os erros cometidos no passado, que geraram a aniquilação de muitos projetos de agricultura familiar no município, na expectativa de ganhos rápidos e volumosos com a cultura do eucalipto, muitos produtores rurais passaram a cultivar a arvore australiana até mesmo nos “rancadores” de mandioca, o que posteriormente resultou em êxodo rural. Precisamos diversificar a nossa econômica, isso é notório, no entanto, é necessário reconhecer a incompetência dos gestores municipais ao longo do tempo em não consolidar a cultura da mandioca, neste que já foi o maior produtor dessa rica cultura em todo Brasil, dizer que este aspecto não é relevante, ao amesquinhar a importância da mandiocultura para o povo candidosalense é não está conectado com a historicidade desta população.
            A ampliação da cadeia produtiva da mandioca deveria ser o objeto de empenho do poder público local, ao contrário, deixaram a cultura empestear de atravessadores, que após ganharem dinheiro com a mandioca, abandonaram a cultura e investiram no eucalipto, nos últimos 14 (quatorze) anos, não acontece mais o Seminário Regional da Cultura da Mandioca, evento do calendário da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB, que trazia os maiores especialistas do mundo para trocar experiência com os pequenos produtores locais, na oportunidade eram apresentados os sub-produtos da raiz, as novas tecnologias na alimentação animal, entre outras atividades e promoções que fortaleciam a cultura no município. Pesquisadores do mundo dirigiam-se ao município de Cândido Sales-BA, no intuito de realizar pesquisas, inclusive, antropológicas sobre a cultura da mandioca em nosso território.
            A cultura regional com a sua pujança chamou a atenção do Governo Federal para investimento na cadeia produtiva da mandioca e dentre os municípios que englobavam a região, o município de Cândido Sales era referência. Houve investimentos vultosos do Banco do Brasil aqui na região para fomentar a cultura da mandioca, adquiriram-se máquinas, implantou-se Unidade Industrial, no entanto, Cândido Sales não absorveu até então, essas oportunidades. Assim como nos diversos setores do município o planejamento ainda não ocorreu de modo a aproveitar esse potencial municipal. Atualmente o saco de farinha de mandioca, um dos subprodutos, chega a custar para o candidosalense R$ 150,00 (centro e cinqüenta reais), em uma cidade onde mais de 50% da população encontra-se em situação de extrema pobreza, deduz-se o impacto desse preço na vida das pessoas, e em muitos casos, o produto é trazido de outros municípios.
            Dessa maneira, entendemos que o debate sobre o desenvolvimento econômico municipal não deve ocorrer de maneira monocrática e partidária, pois o impacto de tais decisões incide diretamente na vida da população que a verdadeira detentora do poder político, vale salientar a necessidade de P&D na cultura do eucalipto em nossa cidade, antes de disseminá-la nas pequenas propriedades do município.               

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