Fundamento máximo do Estado de
direito, a participação social é que fortalece as instituições em uma
democracia, não havendo a cultura da participação entre os membros da
comunidade as instituições ficam totalmente vulneráveis à ação de indivíduos de
má-fé.
Nas regiões do Brasil onde a
política é praticada sem se preocupar com as diretrizes da república e com o
alcance dos seus objetivos, participar é encarado como grave infração com
penalidades que vão da perseguição pessoal a perca do emprego, principalmente, se
o indivíduo que participa for servidor público.
Nesses lugares predomina-se a
cultura do não participar, de se abster das decisões que interferem diretamente
na vida em comunidade. Até mesmo as Unidades Escolares que deveriam funcionar
sob a égide da gestão democrática, funcionam como bolhas de poder recheadas de
imenso cabide de emprego e não se relaciona com a realidade atendida.
A causa do fenômeno é, sem dúvida,
a ausência da participação autêntica. As pessoas precisam compreender o desafio
do governo público e para isso é necessário conhecer os fluxos gerados por toda
atividade financiada com recursos de impostos, é necessário saber, exatamente,
a dimensão e a localização do subfinanciamento alegado pelos políticos.
Essa precisão quanto à
necessidade de mais recursos deve existir, principalmente, em realidades onde
os processos não são transparentes e abertos como orienta a CF/88.
Geralmente onde prevalece a
cultura da não participação os recursos são costumeiramente desviados e as
instituições obedecem a ritos meramente burocráticos, isso é muito ruim para o
lugar, pois é através dos documentos públicos que se planeja o futuro,
se estes não são realistas, o governo estará sendo uma farsa.
A não participação alimenta a má
política, pois deixa o campo livre para a inserção de projetos de poder que ignora
a institucionalidade, essa característica do fraco controle social, é ainda
mais danosa nas realidades de alta vulnerabilidade social.
Nas cidades pobres do Brasil onde
a prefeitura é a principal fonte de recursos e emprego o fenômeno da não
participação é encarado com naturalidade, pois geralmente, a opinião do cidadão
pode custar o seu futuro e da sua família.
As conferências que em nosso
Estado de direito, representam momento máximo da participação e controle
social, nas cidades onde se pratica a má política, são incipientes e não
conseguem aglutinar a verdadeira participação ampla e plural das pessoas.
Em muitos casos as conferências
que deveriam fornecer elementos para a elaboração de planos e projetos em
determinada política pública, são encaradas apenas como “mais uma” exigência do
Estado, desse modo, muitos gestores não as têm como ferramenta de trabalho e
orientação para as ações do governo.
Nos casos em que as conferências
públicas são realizadas com a pouca participação coletiva, só quem se beneficia
é o mau político e o grupo de pessoas do seu interesse, que estão infiltradas
nos mais diversos setores públicos para garantir, através do tráfico de
influência, os interesses desta, ou daquela “liderança”, além das vantagens
pessoais.
Os maus políticos distorcem o
funcionamento do Estado e esperam fruto sem plantar, não utilizam se quer os
vários instrumentos de gestão pelos quais devem ser conduzidas as demandas da
população nas diversas áreas públicas segundo a legislação vigente.
A cultura da não participação é
difundida pelos que preferem viver da miséria alheia ao invés de combatê-la
juntamente com a sociedade. O perfil socioeconômico das cidades brasileiras não
pode continuar sendo justificativa para a manutenção do assistencialismo na
política.
Assistencialismo com a coisa
pública, além de ilegal e imoral, mantém o lugar paralisado, confunde as
pessoas e as condenam ao não protagonismo. Os que praticam assistencialismo são
verdadeiros lobos em pele de cordeiro, atravessam direitos e os transformam em
pseudo-caridade mantendo o cidadão em uma teia de favores que minam a dignidade
humana.
Desse modo, é possível constatar
que existe uma forte relação entre a má política e a fraca participação da sociedade
no controle social dos recursos públicos, um fenômeno alimenta o outro
colocando a vida de milhares de pessoas em risco.
Os políticos que não enxergam as
pessoas como iguais e não demonstram o interesse em assegurar uma educação que emancipe
o cidadão e o esclareça quanto a sua participação no Estado não cumprem a Lei
do país. Para o mau político, quanto mais distante estiver o cidadão dos seus
direitos melhor é para disseminação das suas práticas criminosas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário