Num período onde a crise
generalizada e o generalismo da crise invadem os lares dos brasileiros e que
oportunistas tiram proveito das perspectivas desanimadoras de curto prazo,
também deve existir espaço para refletir sobre a qualidade da nossa democracia.
A origem da crise,
principalmente, a política não está circunscrita ao Território do Distrito
Federal, ao contrário, nos palácios de Brasília temos o reflexo da práxis cotidiana
dos 5.570 municípios brasileiros, que conduzem a gestão pública sem espírito
republicano.
Se atendo às devidas proporções, onde
uns são mais que outros, os municípios brasileiros fazem da corrupção e da
gestão perdulária uma prática comum entre os entes federados, ainda assim não
estão sob os holofotes da grande mídia.
Seriam necessárias milhares de
operações do tipo Lava Jato para sanar o Estado brasileiro dos que deturpam o
funcionamento das instituições públicas em seus territórios municipais.
Num país onde não se aprende
civilidade e cidadania nas escolas públicas, a gestão fraudulenta se torna a
única modalidade com a qual querem tocar os recursos e o interesse público no
Brasil. Os indivíduos entram na política com o claro intuito de beneficiarem-se,
ilicitamente, dos recursos da população.
O fato de sermos brasileiros nas
cidades, por si só, deveria servir para despertar nas pessoas o interesse pelo
bom funcionamento das instituições municipais, pois os direitos constitucionais
se materializam através desses instrumentos locais.
O analfabeto político,
normalmente, é o mais crítico aos escândalos de corrupção veiculados na grande
mídia, no entanto, esses mesmos, praticam crimes maiores e mais escandalosos nas
cidades onde vivem que vão desde o roubo da merenda escolar de crianças pobres
à realização de licitações fraudulentas cujo intuito é perpetuar esquemas
financiando-os com os recursos desviados da cidade.
A crise que vivemos é, sobretudo,
moral e ética, onde os que deveriam ocupar papel de protagonismo através da
política nos municípios estão mais preocupados em manter o funcionamento
fisiológico das instituições públicas que fazerem destas um passaporte para a
dignidade humana.
Cientes do desconhecimento do
cidadão comum, principalmente, os mais pobres a respeito do Estado de direito,
o mau político age sem nenhum constrangimento anulando as possibilidades da
população e viabilizando os seus interesses pessoais.
Numa realidade onde pessoas
públicas de má-fé guardam o escrúpulo no armário da indiferença, não existem
possibilidades reais de desenvolvimento humano, esses mesmos que roubam a
esperança das pessoas assumem posturas assistencialistas que confundem os que
não compreendem a dinâmica do Estado de direito.
Essa é a verdadeira crise pela
qual passa o Brasil nesse início de século, crise de valores e compaixão com o
próximo, onde as pessoas de má-fé querem ter a qualquer custo, mesmo que seja
através do sacrifício de toda uma coletividade.
Antes mesmo de ter cem por cento da população
educada e politizada, o Brasil precisa ter mais indivíduos de boa fé na
política, que sejam capazes de fazer contraponto aos que desperdiçam as
possibilidades asseguradas à nação pelo direito.
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