segunda-feira, 21 de março de 2016

REUNIÃO DO CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE DE CÂNDIDO SALES-BA

Em 17 de Março de 2016 o Conselho Municipal de Saúde – CMS, convocou os membros do conselho e a comunidade de modo geral a comparecer na 3ª Reunião Ordinária do ano que aconteceu a partir das 14:00 hs na secretaria municipal de saúde.

A reunião foi bastante proveitosa e na oportunidade foi possível tirar muitas dúvidas sobre a estratégia utilizada pelo município no enfrentamento da situação de saúde pública em decorrência dos vírus transmitidos pelo Aedes Aegypti.

PAUTA DA REUNIÃO


  • Leitura da Ata anterior;
  • Prestação de contas referente ao mês de janeiro de 2016;
  • Relatório das ações realizadas pela vigilância epidemiologia: Dengue, Chinkungunya e Zika Vírus;
  • Apresentação do relatório da comissão constituída para a reestruturação da lei do Conselho Municipal;
  • O que houver.

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

O representante do setor de vigilância epidemiológica falou aos conselheiros e visitantes sobre como o problema da dengue está sendo enfrentado no campo, falou sobre a capacitação que eles receberam e sobre a portaria do Ministério da Saúde que orienta o município a priorizar o combate à microcefalia, ou seja, a eliminação de vetores de vetores (mosquito).

Também abordou sobre a característica do município de Cândido Sales que juntamente com Vitória da Conquista apresentaram forte incidência de casos na zona rural dos municípios. Justamente por esta característica do surto no município que a secretaria não pode deslocar todos os agentes para as áreas urbanas como orientou a tal portaria do MS, segundo os gestores foi necessário fazer uma justificativa para explicar para os órgãos de saúde do Estado às especificidades do município de Cândido Sales.

Quando questionei se a estratégia e os insumos utilizados são suficientes para enfrentar a realidade vivenciada pelo nosso município, a secretária de saúde e o representante da vigilância epidemiológica não souberam responder. O agente de endemias deu esclarecimentos técnicos quanto ao procedimento de bloqueio que posteriormente divulgaremos em forma de infográfico, ele também ficou de me passar o número de bloqueios que já foram realizados desde o início do ano no município.

Fui informado que todos os casos notificados devem ser em seguida bloqueados, desse modo, é preciso saber se todos os 148 casos já passaram por este procedimento, haja vista que o prazo máximo para a secretaria autorizar a realização de BLOQUEIO é de até 15 dias após a notificação. Com os números podemos avaliar se a infraestrutura criada pelo setor de saúde está funcionando de maneira eficaz.

SECRETÁRIA DE SAÚDE

A secretária falou de algumas ações que a secretaria está fazendo com o setor educação do município e deu esclarecimentos sobre o atendimento que é oferecido às pessoas que chegam com sintomas de dengue e outras doenças transmitida pelo Aedes nas Unidades de Saúde do Município.

A secretária disse que todos os médicos que atendem o município foram orientados quanto aos procedimentos que devem tomar diante da situação e que estes se posicionam nas Unidades de Saúde (UBS e Hospital) com base na conduta médica de cada um, no entanto, todos atuam no limite das orientações e normas legais da saúde no país.

Na oportunidade tirei algumas dúvidas sobre os procedimentos que ocorrem no hospital com os pacientes de dengue zika e chinkungunya. A secretaria informou que quando o paciente chega com os sintomas ele é encaminhado ao tratamento pelo médico com base em seu quadro clinico.

Questionada sobre a situação dos pacientes que necessitam de hidratação intravenosa, que, segundo o que ouvimos comentar na comunidade, as pessoas com este quadro clinico não estavam tendo o tratamento adequado durante as 24 h como orienta os procedimentos para estes casos.

A secretaria deu alguns esclarecimentos sobre a hidratação intravenosa, segundo a gestora a hidratação está ocorrendo normalmente nos casos em que o médico indica e que isso depende muito da conduta médica também, pelo que explicou a secretária que é enfermeira, os casos em que a hidratação intravenosa é indispensável são aqueles em que o organismo do indivíduo esteja debilitado ao ponto de não conseguir usar a medicação e se hidratar pela via oral. A secretária falou, inclusive, que o estoque de soro foi reforçado e que a compra do hospital teve um aumento significativo.

Ela também mencionou que pode ocorrer o caso em que o paciente pode ser orientado a hidratar e medicar-se em casa e ao visitar outro médico este indicá-lo a hidratação intravenosa, segundo ela, isso depende muito da conduta médica de cada um desses profissionais de saúde.

Por fim perguntei a secretária se a estratégia e os insumos empregados hoje para o enfrentamento da dengue no município são suficientes, ela não soube responder, haja vista que nem mesmo a situação de epidemia no município até o presente momento havia sido confirmada em decorrência a problemas relacionados ao laboratório (LACEN) de responsabilidade do governo estadual, segundo a secretária esse laboratório não entregou nenhum resultado sorológico do município até agora.

Estamos enfrentando um inimigo desconhecido, embora, temos 02 bombas costais, 20 agentes de endemias e mais o apoio dos agentes de saúde, por não ter planejado essa realidade de maneira antecedente o município não sabe se a quantidade de recursos empregados até agora é o suficiente para fazer frente à realidade de saúde enfrentada.

Além disso, existem problemas relacionados às pactuações do município a este respeito, por não ter determinado essa característica epidemiológica em seu Plano Municipal de Saúde - 2013/2016 o município deixou de garantir recursos para o enfrentamento do problema ao longo do tempo.

PARTICIPAÇÃO DOS CONSELHEIROS

Ainda sobre a reunião do CMS que aconteceu ontem na secretaria de vale comentar com vocês mais alguns aspectos da experiência que tive, em relação à participação, como já havia mencionado, dos 12 conselheiros, apensas 07 compareceram à reunião ordinária do conselho, mesmo diante de uma situação de epidemia de dengue, ou seja, um grave problema de saúde pública, no entanto, essa característica do conselho municipal de saúde local foi identificada durante a 6ª Conferência e propostas foram aprovadas nesse sentido, a conferência ocorreu desde Junho do ano passado, porém somente agora, após movermos ação no Ministério Público Estadual, o município começou a discutir as mudanças na Lei reza sobre o conselho.

Inclusive, a comissão constituída para a reestruturação da Lei do conselho apresentou na ocasião da reunião do dia 17 último um resumo dos passos que tem tomado, estão se reunindo com um advogado e estes estão promovendo as alterações da Lei Municipal de modo a ficar coerente com a Lei do SUS e a própria constituição, a escolha do presidente do conselho deixará de ser automática e passará a acontecer através de votação, não podendo mais, o secretário de saúde ser o presidente do conselho automaticamente.

A comissão está tendo como referência uma resolução do Ministério da Saúde que orienta quanto ao funcionamento dos conselhos de saúde. Ou seja, até que esta Lei esteja devidamente reestruturada e aprovada pelo Legislativo Municipal o conselho continua funcionando de maneira fisiológica, ou seja, um faz de conta, reúnem-se ordinariamente uma vez por mês e, somente neste momento são apresentadas aos conselheiros as pilhas de papel e tabelas, sem que estejam relacionadas a cada Bloco de Financiamento do Sistema Único de Saúde, o que torna quase impossível os conselheiros exercerem o controle social de fato, pois não é capaz de relacionar a quantidade de recursos aplicados com as ações que estão sendo realizadas nos diversos setores da saúde local (Atenção Básica, Vigilância em Saúde, Assistência Farmacêutica etc.).

Com a mudança na Lei do CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE será possível vislumbrar no futuro um conselho mais atuante e que de fato, ajude o gestor a administrar corretamente os recursos da saúde, por enquanto não, só são convidados para empurrarem a burocracia e assinar papeis sem nem ao menos compreender as implicações das assinaturas dadas pelos conselheiros, principalmente, quando estes autorizam gastos na saúde local.

A discussão que a comissão do conselho está realizando sobre as mudanças na Lei Municipal para atender a legalidade vai continuar e eles disseram que querem encontrar uma maneira de garantir que o conselho municipal tenha seu próprio orçamento.

No mais é só queixa dos conselheiros que, por serem honestos e perceber que o controle não está ocorrendo como deveria, estão angustiados com a situação pelo que pude entender, fiz questão de alertá-los sobre o papel do conselheiro e a responsabilidade de cada um pelo que assina em uma eventual investigação ou prestações de esclarecimentos caso seja necessário perante a justiça, alertei também sobre a responsabilidade de estarem á frente do interesse de 27 Mil cidadãos que têm direitos e que estes precisam ser garantidos.

Na ocasião, um dos conselheiros me mostrou uma cartilha do TCU que orienta sobre o funcionamento do conselho, que foi disponibilizado pela secretaria, no entanto, ele esclareceu que o material era algo novo e que, havia tido contado com a cartilha à apenas uma semana e que antes não existia material didático para a capacitação do conselho que, inclusive, uma das propostas aprovadas na última conferência é que seja promovida a formação continuada dos conselheiros municipais de saúde.

Vale lembrar que os conselheiros continuam tendo dificuldade para acessarem com tempo hábil os documentos da saúde do município, inclusive um deles, representante da igreja católica, cogitou a possibilidade do poder público tirar xérox que possam ser deslocadas para as residências dos conselheiros para que seja feita uma análise mais serena dos documentos apresentados, a sugestão do conselheiro foi imediatamente negada, no ensejo, o conselheiro fez questão de lembrar que em outras gestões, antes mesmo da Lei de Acesso a Informação, permitia-se que esse procedimento fosse feito para uma melhor atuação do conselho.

Os conselheiros também solicitaram que o representante da Vigilância Epidemiológica do município esclarecesse sobre a possibilidade do mosquito Aedes Aegypti desenvolver-se também em água, aspecto que foi confirmado pelo agente de endemias que estava ali representando a coordenação.

Nessa mesma direção foi questionado aos gestores da saúde local sobre os focos de dengue da responsabilidade do poder público como os pontos de esgoto a céu aberto e pontos cegos de coletas de lixo que estão espalhados por todo Território na sede e zona rural, a secretaria argumentou que a solução para o esgoto a céu aberto é o SANEAMENTO BÁSICO e que, a secretaria está trabalhando para viabilizar o projeto junto a Empresa Baiana de Água e Saneamento – EMBASA.

A secretaria de saúde não soube responder o porquê de medidas PALIATIVAS não estarem sendo tomadas pelo gestor do município, e ouviu queixas dos presentes que reclamavam e denunciavam a existência de focos de mosquitos que deveriam ser eliminado pela prefeitura, os conselheiros entendem que o município deveria dar exemplo, combatendo os focos que são da sua responsabilidade, e que, inclusive, a infestação de pernilongos também tem causado bastante incomodo e apreensão a todos.

Na oportunidade também foi questionado aos gestores da saúde sobre a atenção dada às obras públicas sob a responsabilidade da prefeitura municipal, segundo a secretária esses pontos estão catalogados como pontos estratégicos, assim como, terrenos baldios e outras propriedades.

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