segunda-feira, 21 de março de 2011

CARTA AO MINISTRO DA JUSTIÇA DO BRASIL


AO EXMº SENHOR

MINISTRO DA JUSTIÇA

JOSÉ EDUARDO CARDOZO

Caro Ministro de antemão parabenizo-o pela honra concedida pela nossa presidenta a vossa senhoria entregando os rumos da gestão da nossa justiça a uma pessoa competente e capaz de sintetizar interesses diversos, fugindo do estigma corporativista que em muitas ocasiões frustraram os interesses dos mais sérios cidadãos brasileiros. Senhor Ministro, sou brasileiro da cidade de Cândido Sales no interior da Bahia, ou seja, do Nordeste brasileiro, certamente sabes o estigma que carregam os brasileiros dessa Região, no entanto caro Ministro eu ainda possuo esperança o suficiente para animar-me a fazer uso dos instrumentos democráticos desse país para expressar a minha percepção àqueles que possuem boa vontade à cerca dos brasileiros do Nordeste. Nasci e cresci na referida cidade baiana e bem jovem, logo que comecei a observar e entender a sociedade, percebi que vivemos à margem de muitas coisas, principalmente da educação, elemento que é determinante para que o indivíduo interaja racionalmente no ambiente em que faz parte e garanta a sua dignidade frente ao poderio econômico e financeiro.

Atribuo a realidade que nós nordestinos enfrentamos à formação política, econômica e social do nosso país. Desde o início a desigualdade começou a ser construída e esta tem sido perpetuada pelos que garantem a má educação aos brasileiros nordestinos. A nossa democracia, tida pelos protagonistas dos interesses públicos como jovem, para o povo do Nordeste, principalmente do seu interior, longe das rotas tradicionais de turismo é uma criança prematura. Reconhecemos a boa vontade imprimida por brasileiros como Lula que tendo a genuinidade necessária para nos representar colocou o país em rota de progresso combatendo a desigualdade. No entanto, é necessário que estes brasileiros alimentados sejam respaldados para exercerem ativamente o seu papel perante a sociedade, fugindo do estigma do subsidiado. Em municípios como o de Cândido Sales aqui na Bahia, o desenvolvimento social, educacional e econômico tem ido à contramão do desenvolvimento do país. Às pessoas pobres que são a maioria da população (54%) vêem-se sob o domínio da ignorância e submetidos ao descaso do poder executivo municipal, que tem todo o respaldo da Câmara Legislativa Municipal. Dessa maneira, em pleno século XXI, cidades brasileiras vivem sob a ditadura da ignorância e a negligência das autoridades públicas dos três poderes que permeiam a União em cada uma das federações.

A ignorância popular da qual homens e mulheres de má fé fazem uso para permanecerem à frente desse sistema neo-coronelista é percebida a partir do momento em que maioria esmagadora da população não conhece o que significa um gestor ter suas contas negadas pelo TCU, coisa comum no município em questão. Os cidadãos que fogem à regra desse sistema perverso são perseguidos: a princípio inviabilizam a permanência daquele cidadão no território municipal através da falta de oportunidade e do clientelismo nos serviços públicos ao invés da meritocracia. Tais indivíduos quando insistem e permanecem com os seus ideais na comunidade, são marginalizados e rotulados por uma sociedade vítima da ignorância.

Senhor Ministro dessa maneira, reporto-me a V.Exª. pedindo que desenvolva de maneira articulada com outros ministérios políticas públicas que ajudem essa significante parcela de brasileiros, que escravizados pela falta de perspectiva imposta por pessoas de má fé, induzidos pela sedução e o determinismo imposto pelas mídias demasiadamente capitalista que não trazem uma proposta de consumo reflexivo e consciente. Vale salientar que esses municípios na maioria das vezes não possuem o respaldo do poder judiciário e ministério público que quase sempre gasta o tempo administrando a fábrica de transgressores gerados por este sistema irresponsável. Precisamos de um Ministério Público equipado e transparente que inspire ao cidadão a confiança da justiça não o medo da impunidade, e tais aspectos são percebidos pelas pessoas à medida que o trabalho exercido por tais instituições reflita na qualidade de vida da população. Cidades como Cândido Sales possuem índices sociais e educacionais muito abaixo do ideal o que de maneira flagrante, denuncia a má aplicação das verbas públicas pelos respectivos gestores.

Senhor Ministro, agradeço pela vossa atenção e desejo muito sucesso nessa empreitada, peço a ti que não tenha por nós nordestinos um olhar carregado de estigmas depreciativos assim como muitos já tiveram, nos veja como brasileiros sedentos de cidadania.

Cordialmente,

WELINTON R. NASCIMENTO

Cidadão Brasileiro

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