Por: Welinton Rodrigues
O fortalecimento dessa modalidade de desenvolvimento ocorre a cada dia ao passo que governo e sociedade sentem na pele os efeitos climáticos e buscam por alternativas sustentáveis de desenvolvimento.
A economia verde também funciona com
base no desenvolvimento rural sustentável, essa economia tem na agricultura
familiar a sua força motriz, sendo para o Brasil um caminho irreversível nos
próximos anos, haja vista o conjunto de elementos que o país possui no sentido
de viabilizar empreendimentos desta natureza.
Temos um grande passivo social e
ambiental, que só serão superados através do desenvolvimento dos municípios
rurais do Brasil, de modo que as políticas dos governos, federal e estadual
tendem a priorizar o desenvolvimento rural na estratégia de desenvolvimento de
regiões como o Nordeste brasileiro, por exemplo.
Essa estratégia é bastante
coerente com a realidade dos municípios que compõem a referida região,
principalmente, os do Estado da Bahia, onde está concentrado o maior número de
beneficiários do Programa Bolsa Família no Brasil, seguido do Estado de São
Paulo.
Grande parte das famílias pobres
do Nordeste brasileiro são famílias pobres rurais, sendo mais de 50% da
população em algumas realidades municipais. A economia verde pode interferir
fortemente neste processo e ser um elo entre as famílias pobres e o
desenvolvimento.
Outra característica que
distingue a economia verde de outros tipos de economia é o respeito à natureza
e aos recursos ambientais, sendo assim, os empreendimentos deste tipo além de
interferirem diretamente na questão da renda familiar rural, a sua efetividade
pode contribuir para a preservação do meio ambiente e recuperação de áreas
degradadas.
Com base nos estudos da
Organização das Nações Unidas – ONU, que projetam a situação ambiental do
planeta para os próximos 30 anos, se nos mantivermos nesta modalidade de
desenvolvimento predatório, corremos sérios riscos atrelados ao aquecimento do
globo e à escassez de água potável no planeta.
São muitas as razões que
justificam o investimento em empreendimentos verdes, que produzam
principalmente alimentação orgânica. Existe uma previsão na qual a população
mundial sairá dos atuais 7 Bilhões de habitantes para 9 Bilhões, o que
demandará mais alimentação e recursos naturais.
O desenvolvimento rural
sustentável e a economia verde ocorrem através do fomento à agricultura e
pecuária na modalidade familiar, de modo que os negócios e empreendimentos
familiares se fortalecem a medida que estes se organizam em associações e
cooperativas, ampliando a possibilidade dos pequenos produtores.
Municípios como Cândido Sales-BA,
situado a 595 km de Salvador, que possui 50% da sua população residindo no meio
rural (IBGE/2010), e que 54% das famílias Candido-salenses estão vinculadas ao
Cadastro Único do governo federal, reúnem elementos que justificaria a
implementação da economia verde como alternativa de desenvolvimento.
Por ter sua base econômica na
agricultura familiar de subsistência, e por não possuir Receita Própria, o
município deveria tratar de maneira mais séria o desenvolvimento rural. O que
não tem ocorrido nos últimos tempos, principalmente, nos últimos 15 anos, onde,
por exemplo, a principal atividade da agricultura local, a mandiocultura,
deixou de ter a atenção dos agentes locais, aniquilando as possibilidades do
município que já foi o maior produtor da cultura em todo o Brasil.
Os governantes de Cândido
Sales-BA, não tiveram visão e subestimaram a importância da cultura ancestral,
não demorou tempo, o município já estava importando o seu principal derivado
(farinha de mandioca) de outros municípios, e até mesmo de outro Estado, o que
encarece mais o produto.
O município não trabalhou para
ampliar a cadeia produtiva da mandioca, assim como fez municípios da região Sul
do país (PARANÁ), que superaram os seus baixos índices de produtividade por
hectare através da tecnologia, e ampliaram a extração do subproduto mais nobre
do tubérculo, a fécula de mandioca.
Esse subproduto é utilizado em vários
setores da indústria e não se limita à alimentícia, a fécula de mandioca é
utilizada na extração de petróleo e no processo de limpeza de minérios, só pra
termos uma idéia do quanto Cândido Sales-BA perdeu em não estruturar a cadeia
produtiva da mandiocultura no município.
Provavelmente, se tivessem
investido tempo, esforço e vontade política no desenvolvimento da agricultura
de Cândido Sales-BA, o município teria hoje uma forte indústria neste setor, e
poderia enfrentar com mais dignidade o fato de ser um município pobre do
Brasil, os jovens teriam mais oportunidades e até mesmo uma educação
profissional se tornaria viável no Território Municipal.
Embora tenha perdido bastante
tempo e oportunidade, o município de Cândido Sales ainda pode reerguer-se através
da agricultura familiar, mas para isso é necessário esforço e vontade política,
sendo preciso conhecer as reais POTENCIALIDADES do município e investir através
de planejamento e sem imediatismo.
No desenvolvimento rural
sustentável local o papel do poder público e da sociedade, não é diferente como
em qualquer área da vida dos cidadãos brasileiros, devendo o município basear
as ações para o setor em PLANEJAMENTO prévio e executá-las através dos
princípios da boa administração pública.
Outro fator determinante para o
desenvolvimento da economia verde no município de Cândido Sales-BA e nos
municípios que compõem a região Sudoeste é a assistência técnica para o
aperfeiçoamento através da ciência e tecnologia e políticas de mercado que
favoreçam a atividade comercial dos pequenos produtores.
Inclusive, já existem políticas
de fomento ao fortalecimento da agricultura familiar, da parte do governo
federal através de programas como o Programa de Aquisição de Alimentos – PAA e
o Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE, que, por exemplo, estabelece
a obrigatoriedade para que no mínimo 30% dos alimentos da merenda escolar dos
estudantes da rede pública sejam adquiridos da agricultura familiar local.
A assistência técnica que é tão
fundamental, no caso da Bahia, sofre com a desestruturação dos serviços
públicos desta natureza oferecidos pelo Estado através de empresas
terceirizadas, e os do Governo Federal como a Embrapa, não estão próximos do
município, embora, isso não seja justificativa para a não pactuação com essas
instituições de assistência.
A Universidade Pública também
precisa exercer o seu papel de promotora do desenvolvimento regional,
inclusive, através da economia verde. Em nosso caso, aqui no Sudoeste da Bahia
é a Uesb que se enquadra como principal agente nesse sentido e essa capacidade
de cooperação e parceria são possíveis quando o município possui projeto bem
definido para área através de um planejamento realista para o desenvolvimento e
fomento da agricultura familiar local.
Para a cidade agregar valor à
economia local através da agropecuária em modalidade familiar, o governante
precisa ser capaz de articular uma série de elementos e variáveis, devendo a fé
pública guiar as ações do gestor. Somente assim é possível construir o
progresso através da produção sustentável e solidária no meio rural.
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