quarta-feira, 1 de abril de 2015

DITADURA MUNICIPAL: IMPÉRIO DA CONVENIÊNCIA

Apesar de superar o golpe de 64, grande parte da sociedade brasileira ainda vive subjugada a verdadeiros regimes de exceção.

Entre 1964 e 1985 o Brasil passou por um momento sombrio da sua história, a democracia foi interrompida durante esse tempo pelo regime militar e os que lutavam por ela eram submetidos a circunstâncias deprimentes que feriram a dignidade humana, ou seja, o referido período da nossa história recente deve ser lembrado sim, mas no sentido do Brasil reafirmar o seu espírito democrático e lutar para que nunca o país se desgoverne naquela direção.

Hoje somos um Estado democrático participativo, aspecto reafirmado após a redemocratização e consolidado na Constituição de 1988. No entanto, como disse inicialmente, mesmo após trinta anos de constituição cidadã, existem muitos brasileiros sofrendo as consequências de verdadeiros regimes ditatoriais.

O Brasil é um país continental e a sua diversidade se apresenta exuberante em todos os aspectos, não sendo diferente na política, economia e desenvolvimento social, no entanto, a ditadura à qual estão submetidos alguns brasileiros é proveniente, principalmente, da desigualdade social.

Além desses elementos atrelados às necessidades fisiológicas e as relacionadas ao consumismo, que fazem as pessoas debruçarem à conveniência, o fato de não serem capazes de se auto-avaliarem numa perspectiva mais ampla como cidadãos brasileiros se deve em grande parte a uma educação tacanha, conduzida por profissionais medíocres.

A lei assegura aos brasileiros direitos em qualquer parte do Território Nacional, não há exclusão, ao menos na lei, e esse princípio onde o direito é para todos, vai perdendo a intensidade à medida que, comparativamente, avançamos em nosso mapa político da capital mineira para cima.

Esse padrão norte/nordeste composto pelos elementos: personalismo, assistencialismo, negligência e subjugação dos mais fracos, está fortemente arraigado, principalmente, nos meios políticos da referida área geográfica do Brasil.

O Estado de direito é a compreensão que temos dos nossos fundamentos legais e, principalmente, a concretização desses fundamentos no dia-a-dia das pessoas, que no caso brasileiro, vivem nos municípios.

Não é à toa que a nossa constituição é municipalista e que atribui ao ente federado esse papel de protagonista no Estado brasileiro, dessa maneira, as instituições locais do lugar é que devem ser a presença do Estado.

É nesse momento que a ditadura municipal entra em ação, movidos pela conveniência, os atores locais (sociedade, governo e iniciativa privada) tripudiam os direitos do cidadão no município, desdenham dos fundamentos da constituição e a partir desse ponto o funcionamento da coisa pública passa a obedecer outra lógica que não é a de assegurar qualidade de vida aos munícipes.

Os que se regozijam no império da conveniência só esquecem que a própria natureza das coisas é positiva e que, embora se encastelem nas fantasias obtidas de acordo o seu grau de conveniência, não estarão livres da culpa de terem prejudicado milhares de pessoas.

Os que vivem de conveniência, principalmente, no que se refere ao exercício da vida cidadã e na relação dos indivíduos com as instituições, parecem não compreender a dimensão do papel que exerce o Estado na vida das pessoas, principalmente, em circunstâncias sociais onde a população é vulnerável em aspectos como emprego e renda.

Os que corroboram com esses sistemas nocivos de domínio social, precisam está cientes de que os donos das verbas públicas lhes irão cobrar hoje, amanhã e sempre.

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